Dos 33 homicídios ocorridos em fevereiro, 30 já tiveram a autoria identificada pela Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP). O último foi esclarecido ontem. O crime ocorreu na sexta-feira passada, por volta das 20h, em Cuiabá, contra o vendedor de produtos de informática Rodolfo da Silva. Duas pessoas foram detidas e conduzidas à delegacia acusadas de participação no crime.
Entre os presos estão Jéferson Garcia de Araújo, 26 anos, apontado pela Polícia Civil como sendo o “agenciador” e Júlio César Ferreira da Silva, 24, autor dos disparos. O mandante do crime seria o policial rodoviário federal, Luiz Antônio França Escobar, 41. As investigações da polícia chegaram ao policial após a prisão dos dois. Todos já estão com mandado de prisão temporária decretados pela justiça. A polícia já comunicou a Corregedoria da PRF do mandado de prisão e vai tentar cumprir a ordem judicial contra o agente hoje.
O caso é investigado pela delegada Silvia Pauluzi, que cumpriu mandado de busca e apreensão na residência de dois agentes da PRF. De acordo com a delegada a arma usada no crime, um revólver calibre 38, foi encontrada na casa outro policial, um colega de Escobar. O policial alegou que guardou a arma, a pedido do amigo, sem saber o que havia ocorrido. Já na residência do suposto mandante, foram apreendidas duas espingardas calibre 12, sem registro e caixas com diversas munições, inclusive de calibre 9 milímetro, de uso proibido.
Um dos envolvidos no homicídio, ao ser ouvido, revelou que dias antes do crime foi procurado pelo policial para matar a vítima, pela quantia de R$ 4 mil e que a arma usada e as munições foram fornecidas também pela pessoa que o contratou. O indiciado, por sua vez, contratou por R$ 2 mil, uma terceira pessoa, “um amigo seu”, conforme ele, para cometer o crime. No dia seguinte ao crime, o policial repassou R$ 3 mil ao agenciador, que entregou R$ 1,5 mil ao executor dos disparos.
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de vingança. O delegado Márcio Pieroni, acredita que esse “é mais um crime de mando, por motivo de vingança”. A vítima é acusada de matar em 2004, um cunhado do policial rodoviário. No dia 28 de janeiro deste ano Rodolfo foi levado a julgamento. Ele foi condenado a 7 anos de prisão, mas recorreu da decisão e conseguiu ficar em liberdade.
Os procedimentos policiais e os depoimentos estão sendo acompanhados pelo corregedor da Polícia Rodoviária Federal, Adinei de Souza Silva. Segundo ele, o advogado do agente vai articular a apresentação do policial. O inspetor disse ainda que a Corregedoria da PRF vai tomar as medidas administrativas, por meio da abertura de processo administrativo disciplinar.