A delegada afastada Helena Yloíse de Miranda, que era titular da delegacia de Cláudia, e os investigadores Francisco Lourenço e João Luiz Campos devem ir a julgamento pela morte de Brasílio Bogado Ávila, ocorrida em 22 de novembro de 1986. O juiz da 13ª Vara Criminal de Cuiabá julgou improcedente o pedido da defesa dos denunciados e deu seguimento a sentença de pronúncia, na semana passada.
Agora, cabe ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso analisar o pedido e definir se os três irão à júri popular ou não. A delegada Helena foi detida em outubro do ano passado, na Operação Arrego, sob suspeita de integrar esquema de proteção do jogo do bicho, mas já está em liberdade, de acordo com seu advogado, Ricardo Monteiro.
O processo que apurava a morte de Brasílio chegou a ser arquivado, mas a pedido do Ministério Público Estadual (MPE) novamente foi retomado em 6 de agosto de 1998. depois da denúncia de outros crimes no interior daquela unidade. O corpo dele foi encontrado em 23 de novembro de 1986, às margens da BR-364, na Serra de São Vicente. Ele tinha sido preso na data anterior a sua morte por agentes da Coordenadoria de Informações e Operações (Ciop) sob acusação de estar associado a traficantes de drogas e levado para a Delegacia da Polícia Judiciária Civil do CPA 3. Na época, a delegada Helena era a titular da unidade.
Brasílio era suspeito de estar envolvido com Élsia Jordão, que tinha sido presa minutos antes dele sob a acusação de manter escondido cerca de 8 kg de entorpecente em uma caixa d”água. Sem provas, ela foi liberada. Ela declarou que ao sair da delegacia ele ainda permanecia no local. As suspeitas sobre o envolvimento de policias na morte deu-se em razão de que nenhum dos agentes prisionais que atuavam na unidade ter presenciado a assinatura do termo de liberação dele. Só estavam na unidade quando Brasílio “deixou” a delegacia, os dois policiais e a delegada.
Os dois agentes prisionais deixaram a Delegacia do CPA 3 por ordem da titular para ir atender a uma ocorrência de roubo no “Bar do Coruja”, localizado também no bairro CPA, e quando retornaram, cerca de 40 minutos depois, não o encontraram mais. Fato curioso registrado pelos agentes é que não havia ocorrência alguma no bar para onde se deslocaram.
Para a mãe da vítima, Francisca Bogado, ele foi morto e roubado. Segundo ela, Brasílio havia retornado de um garimpo em Apiacás trazendo consigo cerca de 9 mil cruzados (moeda vigente na época), além de um relógio com pedras de brilhante e um anel de ouro. Seu corpo foi encontrado crivado de balas e cheio de hematomas.