Aumentou em 52% o número de adolescentes envolvidos em atos infracionais, como homicídios, estupros, roubos e tráficos de drogas. Dados da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) apontam que 2008, 2.046 menores participaram das ocorrências registradas, 701 a mais que em 2007, quando foram 1.345 adolescentes.
Atualmente, 185 cumprem medidas sócio-educativas no Complexo do Pomeri, sendo 176 homens e 9 mulheres.
A quantidade de atos infracionais graves também foi maior em 2008 (veja o quadro). São 832 casos registrados no último ano, contra 792, em 2007. As ocorrências mais frequentes são de envolvimento com drogas (181), ameaça (111), roubo (110), lesão corporal (99) e porte de arma de fogo (57).
Houve diminuição no número de adolescentes envolvidos em crimes contra a vida – homicídio e tentativa de homicídio. Em 2008 foram 30 casos, contra 47 registros de 2007.
Dos 2.046 infratores de 2008, 882 passaram pela DEA. Em 2007, foram 739. O delegado Adalberto Antônio de Oliveira, titular da DEA, explica que o número de apreensões de adolescentes é maior que a quantidade de passagens pela delegacia, porque muitos infratores são entregues pela polícia diretamente às famílias. Isto ocorre quando o ato infracional é considerado de menor potencial ofensivo e não há reincidência. “Quando já tem passagem, mesmo que o ato infracional não seja grave, o adolescente é levado à DEA”.
Perfil – Oliveira comenta que tem percebido novos menores entrando na criminalidade e passando pela delegacia. Mas o perfil dos infratores continua semelhante.
Relatório do setor de psicologia da DEA aponta que a maioria dos adolescentes que passam pela delegacia é do sexo masculino, tem algum tipo de envolvimento com drogas e anda armada, alegando que deseja se proteger. A desagregação familiar, associada ao abandono escolar, também é frequente entre os infratores. Geralmente, moram somente com um dos pais e apresentam problemas na convivência familiar.
O setor de psicologia da delegacia afirma que os adolescentes relatam que o desapego aos estudos é motivado pelo desencorajamento dos próprios professores da rede de ensino, que não os tratam com justiça, não ajudam quando precisam e não se interessam pelos jovens como pessoa.