Em 5 anos o volume de cocaína apreendida em Mato Grosso teve um aumento de 700%. De meia tonelada em 2004,
passou para 4 toneladas este ano. Investigações da Polícia Federal apontam que grandes traficantes ligados a organizações criminosas de todo o país e até do exterior estão situados em pelo menos 9 municípios matogrossenses. Segundo o delegado federal Eder Rosa de Magalhães, diretor regional de Combate ao Crime Organizado, são empresários e fazendeiros que abastecem o tráfico nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. "Há muitos que só compram ou arrendam fazendas no Estado para receber e armazenar a droga até encaminhar aos respectivos destinos".
Por fazer fronteira com a Bolívia, um dos maiores produtores de coca do mundo, Mato Grosso se tornou uma das principais rotas dos traficantes. Nos últimos anos, 25% das apreensões de cocaína foram em território matogrossense. Um dos motivos para o aumento das apreensões, segundo o delegado, é o crescimento na produção da droga tanto na Bolívia quanto na Colômbia e Peru. Por ser um negócio altamente lucrativo, também atrai cada vez mais um grande número de pessoas.
O quilo de cocaína entra em Mato Grosso pelo custo de R$ 6 mil, em média. Quando chega à região Sudeste, o valor quase triplica e o quilo é vendido por R$ 15 mil. Considerando que cada 1 pode render até 5 quilos após o preparo, o traficante terá um lucro de R$ 60 mil por quilo. As altas cifras também atraem os caminhoneiros, que aceitam levar o entorpecente escondido em cargas lícitas para os mais diferentes destinos no país. Para realizar o "serviço" recebem, em média, R$ 1 mil por quilo transportado. Valor que muitas vezes é pago com o próprio caminhão. "Eles fazem o transporte e ficam com o caminhão".
Os grupos que atuam em Mato Grosso são classificados como "pequenos" e "grandes". Os "pequenos" são formados por 10 pessoas, em média. Geralmente transportam volumes menores para abastecer a Grande Cuiabá (Cáceres, Mirassol D"Oeste, Porto Esperidião, Pontes e Lacerda, São José dos Quatro Marcos, Vila Bela da Santíssima Trindade, Tangará da Serra e Comodoro).
Conforme o delegado, estes empresários e fazendeiros utilizam seus estabelecimentos e propriedades para lavagem do dinheiro obtido com o tráfico. "Nestes municípios são facilmente perceptíveis os sinais de enriquecimento ilícito de um grande número de pessoas sem fonte de renda conhecida, ostentando veículos e casas de alto padrão, indícios do envolvimento com atividades ilícitas".