A Polícia Civil já identificou 301 pessoas ligadas a assaltos e furtos a caixas eletrônicos em Mato Grosso. Elas foram responsáveis pelas 91 ocorrências registradas este ano. Até agora, apenas 51 criminosos foram presos. Entre eles, 5 policiais militares. Os nomes dos envolvidos foram descobertos durante as investigações da Gerência de Repressão a Sequestros e Investigações Especiais. Segundo o delegado Luciano Inácio da Silva, apesar de conseguir identificar as quadrilhas, a polícia tem dificuldades em desarticulá-las por falta de provas. Isso porque as duas principais formas de comprovar a ligação destas pessoas aos crimes estão sendo prejudicadas.
Uma delas é por meio das câmeras do circuito interno dos bancos e estabelecimentos onde os caixas são instalados. Elas são colocadas no alto e filmam apenas as cabeças e não os rostos dos assaltantes. "Esta é uma mudança necessária. Eles precisam colocar as câmeras de uma forma que possamos ver os rostos e não apenas os bonés". Outra dificuldade, conforme ele, é a identificação dos autores por meio das digitais, trabalho que é feito pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec). "Em todos os locais de roubos e furtos nós solicitamos a perícia. O trabalho é feito, mas não obtivemos respostas. Chegamos a enviar os nomes dos suspeitos para conferir com as digitais, e assim vinculá-los ao local do crime, mas não temos respostas".
As ações duram de 40 minutos a 1 hora. O barulho do maçarico pode ser ouvido nas proximidades. Mesmo assim, eles conseguem agir tranquilamente, sem serem flagrados. "Isso ocorre porque eles escolhem os locais menos movimentados, agem na madrugada e, como não há movimento, muitas vezes é escuro, ninguém percebe". A polícia teve acesso às imagens do circuito interno de uma galeria no bairro Jardim América, em Cuiabá, onde dois assaltantes
arrombaram um caixa eletrônico.
Eles entraram com mochilas e falando ao celular, tranquilamente. Um deles puxou um balcão que estava próximo à parede, de vidro, e se aproximou de um dos caixas eletrônicos. Enquanto o comparsa falava ao telefone, próximo à porta de entrada, o outro fazia o "serviço", utilizando um maçarico. "Acreditamos que eles falavam ao celular com outros dois comparsas, que estavam em frente ao estabelecimento, cada um de um lado, para avisar se chegasse alguém". Os dois criminosos usavam bonés e, em nenhum momento, levantaram a cabeça. "Não temos como identificá-los pelo rosto. Nestes casos só conseguimos a identificação com depoimento de pessoas que conhecem eles".
Somente na madrugada de quinta-feira (11), foram 3 ocorrências. Os ataques aconteceram em Matupá, Água Boa e
Chapada dos Guimarães. Apenas na primeira cidade os criminosos tiveram êxito, mas ninguém foi preso. No mesmo dia, 3 acusados foram presos em Goiás praticando o mesmo tipo de crime. Todos são de Cuiabá. Os nomes dados pelos criminosos ainda é conferido pela Polícia, que suspeita que a identificação seja falsa.