O adolescente Donizete Tolentino dos Santos, 15, interno do Centro Socioeducativo de Cuiabá, Complexo Pomeri, morreu neste domingo, por volta das 14h, vítima de queimaduras graves, decorrentes de uma rebelião promovida na ala em que ele estava com outros 3 menores. Os quatro estavam internados há cerca de 10 dias em uma ala isolada da unidade. Eles são acusados de homicídio triplamente qualificado contra outro menor, interno do abrigo Ser Menino, ocorrido em abril deste ano.
Os quatro não estavam sendo aceitos por um outro grupo formado por cinco adolescentes que já estavam na ala. Reivindicando transferência, dois internos utilizaram fio desencapado em atrito com a grade da cela para promover o fogo. Imediatamente as chamas atingiram os colchões, onde estavam os outros dois adolescentes, que também tiveram queimaduras graves. Um deles ainda está internado no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC). Já Donizete não resistiu aos ferimentos.
De acordo com a mãe dele, Maria Montana de Campos, o adolescente foi transferido para o Pomeri injustamente. Ele estava internado no lar Ser Menino para tratamento de dependência química e foi acusado da morte do menor Érick Bruno de Lima, 14, executado com pauladas na cabeça e mais de 10 facadas. Ele chegou a ter um pedaço de pau enfiado na boca, que atravessou a garganta.
Dona Maria denunciou o descaso dos orientadores do Pomeri. Segundo ela, os responsáveis não "vigiam" os internos e eles ficam "jogados". A mãe de Donizete afirmou ainda que quer Justiça, já que seu filho estava sob a guarda do Estado. A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sejusp) informou que abriu Procedimento Administrativo para apurar se houve falha dos funcionários. Alguns jovens chegaram a ter queimaduras leves ao tentar socorrer os menores.
O fogo teve início por volta de 12h30 da última sexta-feira (18), segundo a Sejusp. O órgão também informou que já tomou todas as providências assistenciais à família do adolescente. Esta foi a segunda vez que Donizete chegou a ser recolhido na unidade de segurança. Sua primeira passagem foi no ano passado, por ser usuário de drogas.
Os outros dois adolescentes que causaram o incêndio, conseguiram escapar no momento em que as chamas atingiram os colchões e não sofreram lesões. Eles já estão separados dos demais e vão responder criminalmente pelo ato. Além disso, sofrerão sanções disciplinares. Uma delas é o isolamento.
Ainda na sexta-feira, um delegado da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) ouviu os dois envolvidos para dar andamento ao procedimento criminal. Os quatro adolescentes não tinham direito à convivência por serem acusados da prática de crime hediondo. Eles tinham entre 15 e 17 anos.