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Número de homicídios no trânsito cresce 112% em Cuiabá

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Os homicídios culposos (sem intenção de matar) no trânsito da Grande Cuiabá tiveram um aumento de 112% em 2009 com relação a 2008. Foram 100 pessoas que morreram ano passado de acordo com a Polícia Judiciária Civil (PJC). Em 2008 ocorreram 47 óbitos. A quantidade de pessoas que sofreu lesão corporal no trânsito em 2009 também aumentou, com 2.163 casos comparado aos 725 de 2008, quase 3 vezes mais. As informações da PJC são relativas aos casos registrados em flagrante e mostram que o trânsito na capital, por imprudência, embriaguez ou desatenção, é um perigo em ascensão.

Números do Departamento de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT) também reforçam essa estatística. Com base nos dados o Instituto Médico Legal (IML), o Detran divulgou que em 2008, 193 pessoas morreram vítimas de acidentes de trânsito em Cuiabá e Várzea Grande. A grande maioria é do sexo masculino (152 casos) e com pessoas entre 30 e 59 anos (81 mortes). Apesar dos 2 últimos meses de 2009 ainda não terem sido computados, até outubro morreram 157 pessoas, novamente com a maioria sendo homens (125 casos) entre 30 e 59 anos (70 mortes). Os números da PJC diferem dos dados do IML porque no instituto há registros de vítimas de outros municípios.

Uma das vítimas fatais do trânsito foi Edinaldo Ferreira da Cruz, 42, atropelado no dia 22 de julho de 2009. Segundo a mãe, Vitalina Gonçalves da Cruz, 69, um Celta branco bateu nele no intervalo do trabalho, quando cruzava a avenida Lava Pés para fazer um lanche. Uma testemunha disse ao marido dela que Edinaldo estava atravessando pela faixa quando o automóvel o atropelou. O motorista ainda está impune, não foi identificado e não prestou socorros. "Restou pra mim ficar lembrando dele, que passava os dias comigo aqui em casa". Edinaldo iria completar 43 anos no dia 27 de outubro. Ele deixou 3 filhos.

O diretor-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, aponta a falta de fiscalização como um dos fatores para o aumento da quantidade de homicídios culposos na Capital. "Quanto maior o número de veículos, maior é a demanda por fiscalização". Ele lembra também que quem reclama da vigilância e cobrança são os condutores que fazem a "coisa errada".

Poucos agentes – De acordo com a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos de Cuiabá (SMTU) foram feitos em 2008 cerca de 43 mil autos de infração. Nesse ano, estavam registrados no Detran, somente na Capital, 200 mil veículos. Já em 2009 foram lavrados 53 mil autos de infração em um universo de 250 mil veículos, ou seja, aumento de 50 mil de um ano para o outro.

O diretor de Trânsito da SMTU, Dativo Rodrigues da Silva Sobrinho, afirma que falta consciência ao condutor, já que poucos respeitam a velocidade máxima de 60 quilômetros por hora na via urbana, principalmente nas avenidas Miguel Sutil, Fernando Corrêa da Costa e Historiador Rubens de Mendonça (avenida do CPA). O reduzido número de agentes de fiscalização (lembrado por Lopes, do Detran) é constatado em Cuiabá. São apenas 74 para fiscalizar os 250 mil veículos registrados na Capital, fora aqueles que trafegam na cidade, mas que são de Várzea Grande, Chapada dos Guimarães, Santo Antônio do Leverger, Rondonópolis, entre outras localidades até fora do Estado.

"A SMTU não dá conta, não tem material humano para isso", argumenta Dativo. Tirando os agentes que estão de férias ou que não trabalham em determinado dia já que não é o plantão deles, esse número cai ainda mais. Segundo o diretor de Trânsito da Capital, para que haja uma maior fiscalização, o número de agentes deve chegar a 200, mas o ideal é que seja 1 para cada 1.000 veículos. Com esse incremento, Dativo afirma que é possível fazer o quarto turno, ou seja, ter funcionários fiscalizando das 23h as 6h, com 15 agentes para cada turno, com a utilização deles em pontos fixos da cidade. Atualmente são 3 os turnos, sendo que o último é das 18h30 às 23h30 e só conta com 7 agentes.

Outra proposta defendida por Dativo Rodrigues são os radares eletrônicos, o que obrigaria o condutor a diminuir a velocidade e a respeitar o trânsito. "Desde que o radar seja aferido pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) e seja comprovado que no local escolhido para instalar há necessidade, eu sou à favor".

CNH recolhida – Números da Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT) mostram que no Estado, em 2009, houve um aumento de 21% sobre as Carteiras Nacional de Habilitação (CNHs) apreendidas comparado a 2008. Enquanto nesse ano foram recolhidas 1.985, em 2009 chegou a 2.401. Das apreensões do ano passado, 46% são referentes a carteiras vencidas, 18% a motociclistas sem capacete e 7,5% por dirigir alcoolizado. Para o Coronel PM Joelson Geraldo Sampaio esse número é baixo porque a "Lei Seca" perdeu a eficácia quando o motorista deixou de ser obrigado a fazer o teste do "bafômetro". Ele disse que a tranquilidade do condutor sobre a não obrigatoriedade do teste faz com que beba e dirija. "Se sentem mais à vontade para fazer o que fazem".

Outro número alarmante também foi constatado pela PM nesse final de ano. Entre 14 de dezembro de 2008 a 3 de janeiro de 2009 e 14 de dezembro de 2009 a 3 de janeiro de 2010 houve um aumento de 183% no Estado de casos de embriaguez no trânsito. De 42 casos (08-09) para 119 (09-10).

A resolução de número 300 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 4 de dezembro de 2008, estabelece que o condutor condenado por crimes de trânsito deve fazer novos exames para que possa ter autorização para dirigir. Após condenado, o documento de habilitação do condutor é apreendido, sendo necessário a emissão de uma nova habilitação, mas mantendo o mesmo registro da anterior. Os exames são de aptidão física, avaliação psicológica e de direção.

 

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