O inquérito policial que apura o assassinato do estudante africano Toni Bernardo da Silva, 27 anos, foi concluído e encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE) nesta sexta-feira com o indiciamento de 2 policiais militares e 1 empresário. O laudo de necropsia foi anexado e aponta a causa da morte como asfixia mecânica provocada por objeto contundente, o que pode ter ocorrido pelos chutes e golpes desferidos contra Toni.
Segundo o delegado Antônio Esperandio, adjunto da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), as imagens de uma das câmeras de segurança do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) mostram o início das agressões quando a vítima abordou a esposa de um dos acusados e em seguida entrou em luta corporal com ele. Mostra na sequência a ação dos 2 policiais militares que não estavam a serviço.
Uma segunda câmera, que poderia trazer mais detalhes sofre a interferência de uma lâmpada, o que impede a visualização da cena. O delegado diz que pelo laudo não é possível comprovar em qual momento o golpe fatal que vitimou o estudante foi desferido. Se foi no início da luta ou depois que ele já estava imobilizado e algemado.
Em relação ao material coletado das vísceras do estudante, para exame toxicológico, foi comprovada a presença de maconha, cocaína e álcool, na proporção de 4,88 dc/l. Deu negativo para anfetaminas e ópio, conforme o Instituto de Medicina Legal. Três acusados foram presos em flagrante. Os policiais militares Higor Marcel Mendes Montenegro, 24, Wesley Fagundes Pereira, 24, e o empresário Sérgio Marcelo Silva de Costa, 27.
A vítima, que era ex-estudante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), estava desempregada. Segundo informações dos policiais, na noite do dia 22 Toni entrou na lanchonete para pedir dinheiro e teria tentado agarrar a mulher de Sérgio, que está grávida de 6 meses. O empresário se levantou para defendê-la e os policiais deixaram as esposas nas mesas e se envolveram na luta que acabou com a morte de Toni, ainda no local.
O corpo de Toni continua no IML de Cuiabá, esperando traslado para Guiné Bissau, onde mora a família. Segundo informações da assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, em uma situação de excepcionalidade, o Brasil vai providenciar o transporte do corpo, que normalmente cabe ao país de origem. Mas por se tratar de um dos países mais pobres da África, o Brasil busca os meios legais para arcar com a viagem. O traslado só deve ocorrer na próxima semana.