Cerca de dez roubos e furtos de veículos são registrados por dia em Cuiabá e Várzea Grande. Este número deverá aumentar depois da mudança na lei boliviana que autoriza a legalização de todos os veículos irregulares que circulam no país. Neste mês, até o dia 26, 197 carros e motos foram roubados na região metropolitana, destes 116 foram recuperados. Somente ontem à noite, oito boletins de ocorrências foram registrados.
Destino para os veículos são geralmente três: os desmanches, a clonagem (mudança de placa) ou a Bolívia, que devido a falta de fiscalização na fronteira do Estado com o país e o grande número de estradas vicinais é um dos locais preferidos para ladrões comercializarem as mercadorias.
Atualmente a Delegacia de Roubos e Furtos investiga a ação de uma quadrilha boliviana que a cada 20 dias encaminha um representante para "encomendar e comprar" os veículos roubados. Este crime ganhou destaque depois que o travesti Huanderson Barbosa de Moura, conhecido como "Sandi", 18 anos, e seu companheiro, Romulo Victor Cardoso de Melo, 20, confessaram o assassinato do empresário Martin Dabul Pompeo de Barros, 48, para o roubo da caminhonete da vítima que seria entregue a um boliviano.
De acordo com delegado da unidade, Silas Tadeu Caldeira, eles trabalham na identificação dos agentes que vêm até o Estado para "comprar" os carros furtados. Segundo Caldeira, caso não haja uma intensificação nas fronteiras para monitorar o trânsito de veículos, Mato Grosso será um das primeiras unidades do Brasil a sentir os reflexos da legalização de carros clandestinos na Bolívia,
visto que os produtos são facilmente comercializados e por preços abaixo dos de mercado.
Atualmente a Delegacia de Roubos de Furtos de Veículos conta com um efetivos de 40 funcionários entre investigadores, escrivães e agentes, sendo que 8 investigadores trabalham exclusivamente em Cuiabá e Várzea Grande.
Entre os alvos preferidos dos criminosos, as motocicletas são visadas para extorsão, ou seja, pedido de pagamento de resgate para a devolução do veículo. Segundo o delegado Silas Caldeira, este tipo de ação é estimulada pelas próprias vítimas, que acabam pagando e não registram o boletim de ocorrência. Este tipo de crime é coordenado, em sua maioria, por detentos de dentro do presídios. "Eles possuem comparsas que efetuam o roubo do lado de fora e da cadeia eles negociam o resgate".
Além das motocicletas, os carros populares e as caminhonetes também são os mais furtados.