Para sustentar o vício das drogas, moradoras de rua da região do bairro Alvorada, em Cuiabá, cobram entre R$ 5 e R$ 10 para realizar programas sexuais. Há casos registrados em que estas mesmas mulheres "vendem o corpo" em troca de peças de roupas ou comida. A informação é da Polícia Militar que atua na base comunitária do bairro Araés. A unidade de segurança é responsável pela guarda de 18 bairros, que compreende pelo menos o número de 46 mil moradores. O trabalho desenvolvido pelos 30 agentes de segurança tem início na região do Monte Líbano e vai até a divisa dos bairros Goiabeiras e Cidade Alta.
Em pesquisa realizada pelos militares da base comunitária, no primeiro semestre deste ano, contatou-se a existência de aproximadamente 85 moradores de ruas entre a região próxima ao Terminal Rodoviário da Capital. Estas pessoas também são usuárias de entorpecentes. Destes, mais de 50% são mulheres. De acordo com o comandante da base comunitária, capitão Benedito Martins de Carvalho Junior, são jovens que possuem família, emprego e até mesmo grau de escolaridade avançado. Os homens, crianças e adolescentes que se encontram na região também integraram a pesquisa.
Comerciantes da localidade detalham que a situação das jovens e dos demais usuários de drogas já perdura há mais de 15 anos. Os trabalhadores, que não quiseram se identificar, informaram que constantemente há ocorrências de pequenos furtos, roubos e brigas. Casos que são registrados devido à região concentrar a venda e uso de entorpecentes. Em relação às mulheres, a população informa que há casos em que elas aguardam a chegada dos homens para conseguir roupas novas, comida e trocados em dinheiro. As relações sexuais acontecem na própria região. A vizinhança detalha que os terrenos baldios, localizados principalmente na rua Tereza Lobo são os locais onde acontecem as relações. "Na maioria dos casos, elas não se importam com a localidade, horário e se há pessoas passando na rua".
Uma das comerciantes informou que com frequência as jovens chegam à loja acompanhadas com homens de meia idade e até mesmo aposentados para escolher os produtos. Ela cita que muitas das mulheres já detalharam o histórico e o que aconteceu no decorrer da vida, que resultou na chegada até a região do Alvorada. "Já houve casos em que meninas conheceram um companheiro e hoje estão residindo em outros estados, casadas e com filhos. Elas acreditam que um dia possam deixar esse mundo das drogas. Sempre ouço elas dizerem que encontram uma pessoa e que agora irão melhorar de vida. São mulheres, homens e jovens que precisam ser retirados daqui e tratados", comentou.
Capitão Martins informa que as histórias das mulheres e homens que transitam pelas ruas do bairro Alvorada são semelhantes. Ele explica que o abandono familiar quando criança ou após a entrada no mundo das drogas figura como um dos motivos para que estas pessoas residam nas vias públicas e acabem também praticando crimes na região e em demais bairros de Cuiabá.
"A grande vilã dessa história é a droga. Essas pessoas chegaram até ali devido ao vício somado ao abandono familiar. Esta localidade de Cuiabá não é um problema de policiamento, mas sim uma questão de saúde pública".