A tortura e abuso sexual de um menino de 2 anos e 11 meses pelos próprios pais chocou Tangará da Serra. A criança foi removida em estado gravíssimo ao Pronto Socorro de Cuiabá no dia 1º do ano onde permanece internada com quadro de morte encefálica. O menino J.P.P.S., que no próximo dia 11 completa 3 anos, apresenta traumatismo de crânio, hematomas pelo corpo, dente quebrado e sinais de laceração no ânus. O pai da vítima, F.B.P., 21 anos, e a mãe L.S.R., 27 anos, foram presos em flagrante acusados de tortura qualificada e estupro de vulnerável.
A criança foi resgatada por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na noite de domingo, quando deixou a casa da família no Jardim Califórnia entubada. Segundo os pais, o menino havia sofrido uma convulsão depois de uma queda no banheiro. O conselho tutelar do município foi acionado pela médica que assumiu o plantão da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital infantil. O conselheiro Lindomar Gomes Ledo foi informado pela médica que além dos diversos hematomas e trauma de crânio o menino apresentava sinais de abuso sexual. A partir daí, as Polícias Militar e Civil foram acionadas e os pais foram mais uma vez ouvidos e confirmaram a versão da queda.
O conselheiro relata que a frieza do casal em relação ao estado da criança chamava atenção de todos que ouviam os relatos. Uma babá que cuidava do menino 3 dias por semana confirmou que havia percebido sinais de ferimentos na criança e no dia em que ela foi internada, disse para a babá que o ferimento no olho foi provocado por um soco dado pela mãe. A babá disse que pretendia deixar de cuidar do menino com medo de ser acusada de maus-tratos. Vizinhos também confirmaram que a criança chorava muito quando estava em companhia dos pais. A mãe trabalhava das 14h às 22h em um supermercado, período em que o menino ficava em companhia do pai, funcionário de um frigorífico e que trabalhava das 5h às 15h. O casal mora no bairro há pouco mais de 4 meses e o menino é o único filho.
Tão logo o caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil, o delegado Daniel Vendramel requisitou que um perito examinasse a criança no hospital, confirmando as agressões e abuso. O pai foi preso na segunda-feira (31), quando era ouvido na delegacia e a mãe em casa, quando peritos foram com a Polícia Civil ao local para realizar a perícia, buscando vestígios da tortura contra a criança.
O caso chocou também o conselheiro Devair Rodrigues, que atua em Cuiabá e foi acionado pelos médicos do Pronto Socorro da capital, por volta das 21h de terça-feira (1º). Segundo ele, a situação apresentada pela médica plantonista era de morte encefálica. Como a criança está desacompanhada de familiares, o Conselho irá fazer o relato da situação à juíza da Vara Especializada da Infância de Cuiabá. Sugere, inclusive, a autorização para a doação dos órgãos da criança, caso se mantenha o quadro irreversível.