A Polícia Federal informou, agora há pouco, que foram cumpridos 34 mandados de prisão preventiva em relação a operação Terra Prometida destinada a investigar a venda de áreas da reforma agrária na região do município de Itanhangá (Médio Norte). No balanço divulgado, na sexta-feira (28), a PF apontava 33 presos, sendo 24 em Cuiabá, 8 em Sinop e um em Lucas do Rio Verde. Não foi informado onde ocorreu esta última prisão.
De acordo com informações da assessoria, a PF irá se concentrar na análise dos depoimentos e materiais apreendidos para que assim o inquérito seja relatado e encaminhado aos órgãos competentes. Todas as pessoas que tiveram mandado de prisão preventiva continuam presas.
Conforme Só Notícias já informou, o juiz federal Pedro Francisco da Silva negou os pedidos de revogação das prisões do empresário e ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, Marino Franz (PSDB), e dos irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB), Milton e Odair Geller. O advogado Paulo Taques classificou como absurda a prisão do ex-prefeito luverdense, o qual defende. Os três permanecem detidos no Centro de Custódia da capital.
O advogado Murilo Freire, que defende dos irmãos Geller, preferiu não comentar sobre a decisão do juiz, mas também deve protocolar outro pedido para que eles respondam o processo em liberdade. Odacir reside em Lucas do Rio Verde e Milton (que foi prefeito de Tapurah), em Nova Mutum. A defesa deles negou o envolvimento nas irregularidades e expôs que a empregada de Odair é a real exploradora da área. "Ela tem raízes no município e tem o terreno lá", declarou à Agência Estado, acrescentando que a as denúncias contra ambos tinha como objetivo "atingir o ministro".
Ontem à noite, o Tribunal Regional Federal negou dez pedidos de habeas corpus. O vice-prefeito de Itanhangá, Rui Schenkel (PR), e o produtor Natal Deliberalli continuam presos.
Os 34 presos são acusados de participar de um esquema de fraude em compras de terras da União na região de Itanhangá. Eles foram detidos durante a operação “Terra Prometida”, da Polícia Federal, deflagrada na semana passada.
O prejuízo aos cofres públicos pode alcançar R$ 1 bilhão. A investigação apurou que o grupo criminoso, formado por fazendeiros, empresários e grupos do agronegócio, procurava obter uma verdadeira “reconcentração fundiária” de terras da União que haviam sido destinadas à reforma agrária. Com ações ardilosas, uso da força física e até de armas, compravam a baixo preço ou invadiam essas áreas.
Para a manutenção do comércio ilegal e reconcentração de terras da reforma agrária, no decorrer dos últimos dez anos, a organização criminosa fez uso de documentos falsos, ações de vistoria simuladas, termos de desistência fraudados e dados inverídicos incluídos no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (SIPRA/INCRA), propiciando que grandes latifundiários, grupos de agronegócio e até empresas multinacionais ocupassem ilicitamente terras da União destinadas à reforma agrária.