Uma média de 40 pedidos eram recebidos ao mês no escritório da "Inovar Cursos Preparatório", montado por uma organização criminosa para emissão de diplomas e certificados falsos, no valor unitário de R$ 980 e até R$ 90 mil para curso superior. A quadrilha foi presa, ontem, pela Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso com apoio da Polícia Civil de São Paulo e Minas Gerais, na operação "Falsário".
Entre os beneficiários da fraude estão pessoas de várias parte do Brasil, servidores públicos e até médicos, que compraram o diploma por cerca de R$ 90 mil. As escolas e faculdades envolvidas no esquema estão sendo investigadas.
A operação cumpriu 56 ordens judiciais em Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais, sendo dez mandados de prisão preventiva, 23 busca e apreensão domiciliar e 23 três mandados de condução coercitiva. Apenas um mandado de prisão não foi cumprido. Também foram apreendidos cerca de 300 diplomas e certificados que ainda seriam entregues a "clientes", R$ 126 mil em dinheiro, 28 mil em cheques, além de notebooks e computadores, entre outros documentos.
"A priori pelas investigações da Polícia Civil há falsidade ideológica. O conteúdo dos documentos que é falso. Esses alunos não assistiam aula presencial. As assinatura prévias não eram feitas por eles. Eles apenas efetuavam o pagamento e recebiam em questão de um a dois meses o certificado", explicou a delegada Anamaria Machado Costa.
A base das investigações é a cidade de Cáceres, onde está preso o chefe da quadrilha em Mato Grosso, o empresário do ramo de laboratórios C.A.S., mas era da sede do Inovar Cursos, em Cuiabá, que saiam a maior parte do pedidos de diplomas falsos.
Na casa do empresário, em Cáceres, a Polícia Civil apreendeu R$ 126 mil em dinheiro, R$ 28 mil em cheques, notebook, celulares, certificados e diplomas, entre outros documentos, todos encaminhados à perícia.
De acordo com as investigações presididas pela delegada de São José dos Quatro Marcos, Anamaria Machado Costa, o esquema funcionava da seguinte forma: o interessado procurava a Inovar e fazia matricula e acordo com o nível desejado, fundamental ou médio, ou os dois juntos, e efetuava o pagamento em cheques, sendo o valor unitário para fundamental ou médio, R$ 980 ou R$ 1,9 mil para os dois juntos. Os valores poderiam ser parcelados, sendo uma entrada em dinheiro ou cheque e o restante em cinco vezes.
Além dos alunos que procuraram o cursinho, o empresário tinha outros "colaboradores", que captavam alunos, no interior de Mato Grosso e em outros estados do Brasil. Os "colaboradores", que atuavam como intermediadores, remetiam a documentação dos "clientes" e o pagamento para o empresário, que providenciava o diploma falsificado de acordo com o nível de ensino desejado, em outra localidade, e cerca de 30 a 90 dias retornavam ao escritório em Cuiabá, e eram remetidos via ao membro da quadrilha, que entregava ao beneficiário. Muitos também buscavam na sede da Inovar ou recebiam por Sedex, a cobrar, pelos Correios.
Boa parte dos certificados emitidos no esquema era do ensino médio, para ingresso em faculdades. Durante a operação, foram apreendidos 195 certificados e diplomas na sede da empresa em Cuiabá, 3 diplomas de Medicina, em Jundiaí, São Paulo, além de outros certificados e documentos em municípios do interior de Mato Grosso e nos estados de São Paulo e Minas Gerais, totalizando cerca de 300 certificados e diplomas apreendidos durante a operação.
"Essa operação foi só a primeira etapa. Terá outras prisões.Todas as pessoas beneficiárias, comprovado o uso, poderão responder pela falsidade ideológica e os servidores públicos, além de penal responderão processo administrativo que pode levar a perda do cargo", finalizou a delegada Anamaria Machado.