O pedido de relaxamento da prisão preventiva do caseiro Anastácio Marafon, 53 anos, foi negado pelo juiz da Vara Única de Santo Antônio do Leverger (34 quilômetros de Cuiabá), Rodrigo Roberto Curvo. Marafon está preso desde o dia 8 deste mês pela morte do ex-secretário de Estado de Infraestrutura, Vilceu Marchetti, 60 anos. O juiz destacou que a prisão preventiva deve ser mantida, pois estão presentes os requisitos necessários que constam no artigo 312, do Código de Processo Penal, e por se mostrarem inadequadas e insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão. “Assim sendo, por não existir nos autos a demonstração de qualquer fato novo que, concreta e objetivamente, justifique a sua revogação, a prisão preventiva anteriormente fixada deve ser mantida”, diz trecho da decisão.
O Ministério Público também já havia emitido parecer contrário ao pedido de liberdade sustentando por meio do promotor Natanael Moltocaro Fiuza, que a investigação até o momento mostrou-se singela e incompleta, havendo a necessidade de se baixar os autos para se providenciar várias diligências relevantes para a elucidação do crime e das circunstâncias em que foi perpetrado.
“Ademais, ao menos pelo que há nos autos até o presente momento, é necessária a manutenção da prisão cautelar como forma de assegurar a ordem pública, quedando-se evidenciada a gravidade concreta do delito pela desproporcionalidade entre a suposta atitude da vítima e a conduta do autuado que, em princípio, agiu de forma a impedir a defesa de Vilceu”, destacou o magistrado em sua decisão.
Para atender ao pedido do Ministério Público que considerou o inquérito incompleto e o devolveu solicitando diligências complementares, o delegado do caso, Sidney Caetano Paiva vai reabrir as oitivas para ouvir pelo menos mais 6 pessoas nos próximos dias. Entre elas, a esposa e o filho do ex-secretário Vilceu Marchetti. Também foi requisitado pelo promotor de Justiça, Natanael Moltocaro Fiuza, a juntada de documentos da fazenda bem como documentação que comprove o vínculo empregatício do acusado e da vítima na propriedade.
De acordo com o delegado, o Ministério Público solicitou que sejam ouvidos os empregados para ter mais clareza e melhor esclarecimento antes de oferecer a denúncia. “Isso é comum, até porque só tínhamos 10 dias para finalizar o inquérito e enviar. Não dá tempo de ouvir todos. Depois se falta complementar alguma diligência do MP devolve”, explica Sidney Caetano.
O filho de Vilceu chegou no local do crime junto com a Polícia e acompanhou todo o trabalho dos peritos. Ele já prestou declarações, mas deverá ser ouvido novamente. De acordo com o delegado, o acusado trabalhou por 6 anos no estado de Santa Catarina e estava na fazenda em Leverger há cerca de 10 dias para ser o responsável pela propriedade. O delegado diz que durante a condução do inquérito concluiu que o crime foi passional. Ele ouviu a esposa do acusado e ela confirmou que o Vilceu estava a assediando. O laudo de necropsia e o exame pericial do local do crime ainda não estão prontos.
Vilceu foi morto a tiros na noite do dia 7, na fazenda Mar Azul, na qual ele trabalhava. Marafon que era caseiro confessou ter matado o ex-secretário motivado por vingança, pois segundo ele, a vítima estava assediando sua esposa.