Com carta branca da facção rival para atuar livremente, o Comando Vermelho de Mato Grosso, liderado por Sandro da Silva Rabelo, o “Sandro Louco”, operava de dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE) uma articulada rede de tráfico de drogas, fornecendo drogas para presídios e abastecendo diversas bocas de fumo na região metropolitana de Mato Grosso, com apoio de fornecedores e colaboradores do lado de fora.
O detento usava a esposa Thaisa Souza de Almeida como intermediária nas negociações, na compra e armazenamento de entorpecentes. A mulher do líder da facção e mais 42 pessoas são alvos de investigação da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, que resultou na operação “Grená”, deflagrada na quarta-feira (30) passada, por meio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e a Diretoria de Inteligência para cumprimento de 55 ordens judiciais (43 prisão e 12 busca e apreensão). Trinta e seis pessoas, sendo 27 detentos e 9 integrantes e colaboradores da facção que estavam do lado de fora das cadeias tiveram os mandados cumpridos. Sete estão foragidos.
A traficante foi presa quando tentava deixar uma encomenda para o companheiro "Sandro Louco", na penitenciária da Mata Grande, em Rondonópolis, no início da noite de quarta-feira (30). A operação que contou com apoio da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) também transferiu para uma penitenciária federal de segurança máxima, no estado do Rio Grande do Norte, oito detentos, sendo sete membros da cúpula do CV-MT.
Em uma de suas muitas ações criminosas articuladas de dentro da cadeia, “Sandro Louco” combina com a mulher para ela levar 20 quilos de entorpecente. Depois pede para pegar 100, se referindo à quantidade da droga, com outra pessoa, e que metade é para entregar para outro indivíduo.
No dia 12 de setembro do ano passado, ela juntamente com outra mulher foram presas em flagrante por tráfico de entorpecentes e teria conseguido liberdade e voltado novamente a atuar no tráfico de drogas a mando do marido Sandro Louco.
A outra suspeita é filha do traficante Sebastião Lauze Queiroz de Amorim, conhecido por “Dandão”, considerado um dos maiores traficantes da capital, concentrado seu foco na região do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
Sandro da Silva Rabelo, vulgo “Sandro Louco”, é condenado por vários crimes, entre eles latrocínios, e exerce grande poder sobre a criminalidade no Estado de Mato Grosso, sendo respeitado tanto dentro como fora do Sistema Prisional. O criminoso é principal líder do Comando Vermelho em Mato Grosso e um dos idealizadores do CV-MT. Ele é membro do “Conselho Final” e exige o cumprimento rigoroso do estatuto da facção.
O detento ainda tem pena a cumprir de 161 anos, 9 meses e 24 dias, em regime fechado por diversos crimes praticados. Já cumpriu 17 anos, 7 meses e 14 dias, desde a primeira vez que foi preso em 1993. Sandro já passou por várias transferências de unidades prisionais de Mato Grosso e também fugiu de muitas delas. Foi transferido duas vezes para unidade de segurança máxima, entre elas a penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná.
O líder do CV-MT operava a rede de tráfico junto com Miro Arcângelo Gonçalves de Jesus, vulgo “Miro Loco” ou “Gentil”, criminoso condenado por vários delitos e também um dos idealizadores do CV-MT. Ele é membro do “Conselho Final” e um dos responsáveis pelo financeiro da facção. Possui altíssima liderança e exige o cumprimento rigoroso do estatuto. Comandava de dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE) diversas “bocas de fumos” na Grande Cuiabá.
De acordo com as investigações, “Miro Louco” além de atuar fortemente no tráfico de drogas, agia como intermediário nas transações de compra e troca de armas de fogo e ainda planejava assaltos. Um dos seus comparas do lado de fora é Deivid dos Santos Moya, que não é membro do CV-MT, porém, realizava intensamente a comercialização de drogas. Outro parceiro é uma pessoa identificada por “Wellington”, que age na venda de drogas e recolhendo dinheiro das bocas de fumo, que pertencem a “Miro Louco”, onde possivelmente o dinheiro é usado para aquisição de mais entorpecentes.
O suspeito Deivid dos Santos foi preso na operação "Grená". Os suspeitos identificados no comércio de drogas também são investigados pela Delegacia Especializada de Entorpecentes (DRE).