O prefeito de Pontes e Lacerda (região Oeste), Donizete Barbosa do Nascimento, descartou qualquer possibilidade de envolvimento da prefeitura com a organização criminosa voltada ao tráfico de drogas desmantelada pela Polícia Federal, ontem, durante a operação Hybrios. Em entrevista coletiva, ontem à tarde, o delegado da PF, Marco Aurélio Faveri, apontou que o grupo criminoso mantinha contratos com a prefeitura por meio de uma empresa de fachada, que alugava carros de passeios e maquinários comprados com o dinheiro do tráfico de drogas.
Donizete disse que a empresa vencedora teve o CNPJ instituído em 2006, sendo que o certame ocorreu em junho de 2013 com a participação de quatro empresas. O valor mensal repassado a mesma é de aproximadamente R$ 30 mil, sendo que o faturamento mensal da suposta organização divulgado pela Polícia Federal é de cerca de R$ 60 milhões. Para o prefeito, isso torna a utilização da prefeitura para tal esquema totalmente inviável.
De acordo com o gestor, o processo licitatório é aberto e segue os requisitos necessários conforme determina a legislação. “Se uma empresa está habilitada a participar do certame, nós não podemos impedir a participação da mesma. Todo o processo ocorreu com lisura e nós deixamos a prefeitura à disposição de qualquer cidadão para esclarecimentos”.
O prefeito destacou ainda que não compete ao município investigar se está empresa está envolvida ou não com coisas ilícitas, este é o trabalho dos órgãos de segurança pública. Donizete ressaltou que está ocorrendo uma distorção dos fatos e estariam tentando manchar o nome da prefeitura a qual está amparada pela Lei.
Conforme Só Notícias já informou, foram apreendidos bens dos envolvidos no valor de R$ 50 milhões durante a operação. Veículos de luxo, fazendas, apartamentos, casas, prédios, aeronaves, armas, cabeças de gado, dinheiro e mais de 50 quilos de cocaína foram apreendidos durante o cumprimento dos 48 mandados de busca e apreensão determinados pela Justiça.
Tudo isso era utilizado para dar suporte a um grupo criminoso que atuava com o tráfico internacional de drogas há pelo menos sete anos em Mato Grosso e outros cinco estados brasileiros, como São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Goiás, Pará, além de países da América Latina e Europa. A organização criminosa era fortemente estruturada e hierarquizada, com liderança firme e divisão de tarefas, incluindo a participação de casas de câmbio para a compra de dólares utilizados na negociação e a adoção de práticas violentas. Há suspeitas de que os criminosos também estejam envolvidos em homicídios.
A PF estima que o grupo movimentava mensalmente cerca de três toneladas de cocaína, o que corresponde a R$ 60 milhões. O produto recebia a rotulagem de “Superman Pancadão”, uma forma de identificar a droga, que teria qualidade superior que as demais do mercado ilegal e fidelizar o usuário. Foram cumpridos 36 mandados de prisão preventiva. Outras quatro pessoas, que tiveram mandados de prisão temporária determinados pelo juízo da 1ª Vara Federal de Cáceres, estão foragidas.
Entre as pessoas presas está o chefe da organização, que não teve o nome divulgado pela PF. Segundo o delegado de combate ao crime organizado, Marco Aurélio Faveri, o traficante se mostrava um empreendedor do crime. Ele morava em um condomínio de luxo na capital. Documentos apreendidos pela PF dão conta de que em 2007, ele recebia salário mínimo e oito anos depois chefiava “um império”. Conforme o delegado, o chefe da quadrilha utilizava apenas veículos blindados.