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Investigações sobre apreensão de R$ 3,2 milhões continuarão pela Gerência de Combate ao Crime Organizado

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A Polícia Civil enviou à Justiça o inquérito policial da prisão de J.S.M., 41anos, ocorrida em Canarana, que culminou na apreensão de mais de R$ 3,2 milhões. Ele foi autuado no crime corrupção ativa por ter oferecido meio milhão a um investigador, um escrivão e ao delegado de polícia da cidade, para não ser preso. 

O inquérito, conduzido pelo delegado João Biffe Junior foi enviado ao Fórum da Comarca, na última terça-feira (14), e no mesmo dia o delegado instaurou novo inquérito policial para apurar os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e valores, tráfico de drogas, associação para o tráfico, e havendo ainda possibilidade de comprovação de crime contra o sistema financeiro e contra ordem tributária. 

O desmembramento da investigação foi remetido a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), em Cuiabá, que passará a presidir as investigações para apurar a origem da soma de R$ 3.201.587,00, apreendido no dia 5 de abril, em Canarana. "Minha participação no inquérito se encerrou. Agora será conduzido pelo GCCO por ser necessário uma atuação conjunta com outra unidades, especialmente o Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro", destacou o delegado João Biffe Junior. 

Na mesma semana da apreensão, uma decisão proferida pelo juiz Alexandre Ceroy, da Comarca de Canarana, reverteu o dinheiro para ações de segurança pública em Mato Grosso. Esta é a primeira vez que uma grande quantia em dinheiro apreendida pela força policial é revertida de maneira ágil para ações de segurança do Poder Executivo estadual. 

A alta soma em dinheiro foi encontrada em três sacos plásticos na carroceria de uma caminhonete Hilux ano 2015,embaixo de esterco, cerâmicas, madeiras e alimentos. O dinheiro estava dividido em três sacos de lixo. O veículo era conduzido por J.S.M., investigado também pelo Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), de Recife (PE), por tráfico internacional de drogas. Em 2014, ele foi preso na cidade de Recife com o volume de  R$ 940 mil e ofereceu R$ 200 mil à Polícia para não ser preso.  

Em Canarana, quando os dois policiais civis descobriram o dinheiro, o suspeito rapidamente disse: "é real, deixe isso aí e vamos conversar".  Ao ser questionado sobre o tipo de conversa, o conduzido voltou a falar aos policiais civis para deixar os sacos na caminhonete e que não dissesse nada a ninguém, pois poderia dar uma "ajuda". Na delegacia voltou a oferecer dinheiro, um total de R$ 500 mil, só que desta vez ao delegado de Canarana, João Biffe Júnior.

O oferecimento de propina foi registrado em vídeo e usado como prova no inquérito policial, pelo qual o suspeito foi preso em flagrante por crime de corrupção e lavagem de capitais. As imagens ganharam repercussão em vários veículos de imprensa estadual e nacional.

Em interrogatório na cidade de Canarana, o suspeito não apresentou argumentação convincente da origem do dinheiro, confessando que enterrava tais valores por questões de segurança. Ele alegou ainda  ser "cidadão de bem", proprietário de fazendas na região e que era comprador de gado. No entanto, realiza  declaração de Imposto de Renda como pessoa isenta, situação incompatível com os valores encontrados.

Também declarou que trabalha com compra e venda de gado, mas não apontou nenhum fazendeiro que tenha negociado. Por último, disse que era normal enterrar dinheiro e que aluga casa para guardar os valores.

O delegado titular do GCCO, Flávio Henrique Stringueta, informou que procedeu novamente interrogatório do suspeito, por dois seguidos, segunda e terça-feira (13 e 14.04), mas nenhuma outra informação foi revelada. Segundo o delegado, o preso manteve a mesma versão dada ao delegado João Biffe.

"Estamos tomando medidas cautelares e entramos contato com unidades de outros estados para conseguirmos levantar a origem do dinheiro, antecedentes dele, e sua participação em alguma organização criminosa", disse Flávio Stringueta.

O suspeito está preso na Penitenciária Central do Estado.

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