O delegado da Polícia Federal de Sinop, Samir Zugaibe, informou, há pouco, ao Só Notícias, que os oito presos nos municípios de Sinop, Sorriso e Guarantã do Norte, esta manhã, são engenheiros florestais e empresários. Eles são acusados de envolvimento em uma organização criminosa especializada em desmatamento ilegal e grilagem de terras públicas federais no Pará e alvos da operação “Rios Voadores” deflagrada pela Polícia Federal daquele estado. A PF de Sinop apenas deu apoio no cumprimento dos mandados.
Em Sinop foi cumprido quatro prisões preventivas e duas de buscas e apreensão; duas prisões preventivas, uma condução coercitiva e uma de busca em Sorriso; além de duas prisões e uma de busca em Guarantã do Norte. Ao todo, foram expedidas 51 medidas judiciais, sendo 24 prisões preventivas, nove conduções coercitivas e 18 mandados de busca e apreensão em empresas e casas pertencentes aos investigados em Mato Grosso, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
De acordo com informações da assessoria de imprensa da PF do Pará, após arredamento das terras usurpadas, elas eram usadas pelo grupo para o desenvolvimento de atividade econômica agropecuária. As investigações começaram após a operação Kaiapó, realizada pelo Ibama, em 2014, por meio de atos de fiscalização no interior e no entorno da Terra Indígena Menkragnoti, situada no município de Altamira (PA). Foram apreendidas 26 motosserras e 3 motocicletas, além de desmontados 11 acampamentos. Também foram detidas 40 pessoas e identificado o responsável pelo desmatamento da área embargada (mais de 13 mil hectares).
Consta que o principal investigado desmatou, entre os anos de 2012 e 2014, mais 29 mil hectares, sendo multado pelo Ibama na cifra de R$ 119 milhões. Segundo informações da Receita Federal, a organização criminosa, por meio de pessoas físicas e jurídicas que a compõe, movimentou mais de R$ 1 bilhão, entre os anos de 2012 e 2015, grande parte de origem ilícita ou incompatível com os rendimentos dos titulares das contas.
De acordo com as investigações, os principais investigados e beneficiados com a prática criminosa eram protegidos por outros membros da organização que serviam como “testas de ferro”. Mediante a falsificação de documentos e outras fraudes, estas pessoas de confiança dos cabeças da organização criminosa assumiam a propriedade da terra grilada por seus “patrões” chegando a admitir a prática de crimes ambientais. Eles preservam o nome dos reais autores da conduta, quando flagrados em fiscalizações do Ibama realizada durante uma das fases da investigação.
A organização criminosa estruturava-se em quatro núcleos: 1) núcleo operacional (executam o desmatamento); 2) núcleo referente aos agentes que compram terras desmatadas ilegalmente; 3) núcleo financeiro (financia o desmatamento); 4) núcleo familiar (dissimulação das vantagens econômicas obtidas). O núcleo operacional subdividia-se em i) grupo dos agenciadores de mão de obra, “Gatos”; ii) grupo dos gerentes das fazendas desmatadas ilegalmente; iii) grupo dos “Testas de ferro”; iv) grupo dos agrimensores (produzem cadastro ambiental fraudulentos). Os crimes investigados são: organização criminosa; falsificação de documentos; a prática, de forma reiterada e habitual, de desmatamento ilegal, ateamento de fogo e grilagem de terras públicas federais, na Amazônia brasileira (visando a criação/venda de gado e plantação/venda de soja/arroz); ocultação e dissimulação das vantagens econômicas obtidas.
Conforme Só Notícias já informou, os policiais federais e agentes do Ibama estiveram em Sorriso, esta manhã. Um dos alvos foi uma empresa do ramo de fertilizantes, localizada na Perimetral Sudeste. Os policiais e agentes do Ibama entraram no prédio após um chaveiro ser solicitado para abrir a porta. No entanto, a empresa estava vazia.