O delegado regional da Polícia Federal, Wilson Rodrigues de Souza Filho, disse, esta tarde, em Cuiabá, que não foram cumpridos pelo menos 30 dos 45 mandados de buscas e apreensões em empresas e residências, na 11ª fase da Operação Ararath. Os três empresários alvos de condução coercitiva foram levados para a superintendência da PF, prestaram esclarecimentos e foram liberados. O teor das declarações não foi informado.
Os policiais permanecem as diligências em Cuiabá e Várzea Grande. “Vai levar o tempo que for preciso para cumprimento desses mandados devido a complexidade dos fatos investigados”, justificou o delegado. Ele evitou falar em valores dos imóveis comprados por investigados que se utilizavam de “laranjas” para registrar os imóveis e utilizavam como pagamento dinheiro obtido de forma ilegal.
O delegado não quis confirmar quais tipos de bens, documentos e mídias foram apreendidos a exemplo de fases anteriores da Ararath em que houve apreensões de computadores, mídias digitais, dinheiro e veículos de luxo.
O foco dessa investigação nessa etapa é o segmento de promoção imobiliária e compra e venda de imóveis. As buscas nas 44 empresas, segundo o delegado, visam a coleta de provas que precisarão ser analisadas e poderão subsidiar novas fases da Ararath. “ A gente não pode afirmar nada nesse momento”, disse ele quando questionado sobre a realização de mais etapas da operação.
Por lei, as empresas do setor imobiliário são obrigadas a reportar transações imobiliárias suspeitas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda. O objetivo é auxiliar as autoridades no combate ao crime de lavagem de dinheiro. Não cumprir esse conjunto de regras pode render às companhias responsabilidades administrativas que podem implicar sanções que vão desde multa (pode chegar a R$ 20 milhões) ao fechamento compulsório do negócio.
No caso das empresas alvos da 11ª fase da Operação Ararath, essa comunicação não aconteceu como deveria. E, isso motivou os pedidos de buscas e apreensões feitos pela Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF) e aceitos pelo juiz Jeferson Schneider, titular da 5ª Vara Federal de Cuiabá, que decretou as ordens judiciais.
De acordo com o delegado, as informações iniciais são no sentido de que não houve comunicação por parte das empresas ao Coaf sobre transações consideradas suspeitas. “Ainda assim a gente não pode fazer uma afirmação categórica”, disse ele explicando que as buscas e apreensões possuem esse objetivo, de coletar informações e provas de possíveis crimes envolvendo lavagem de dinheiro e corrupção por parte de investigados na Ararath que adquiriram imóveis dessas empresas mas colocaram em nomes de “laranjas”.
As investigações da Ararath começaram há cerca de dois anos e o delegado Wilson Rodrigues sinalizou que devem se estender por anos ainda. “Pode-se dizer assim que a investigação está entre o início e o meio. Tem muita coisa a ser apurada ainda”, destacou o delegado.
Em novembro, a justiça federal condenou o ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso, Eder Moraes, a 69 anos de reclusão, por lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro. O ex-superintendente do BICBanco, Luiz Cuzziol, foi condenado a 31 anos de reclusão.
O empresário Junior Mendonça fez delação premiada, há cerca de dois anos, relatando esquemas de empréstimos fraudulentos que seriam pagos com recursos públicos do governo estadual.