Mais de 60 membros de uma organização criminosa articulada para práticas de crimes de roubos majorados, furtos, receptação de veículos, adulteração, falsificação de documentos, estelionatos e lavagem de dinheiro são alvos da operação “Ares Vermelho”, deflagrada esta manhã, pela Polícia Civil. Estão sendo cumpridas 125 ordens judiciais, sendo 51 mandados de prisão preventiva, 12 conduções coercitivas e 62 buscas e apreensão domiciliar em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Rondônia.
As prisões preventivas são cumpridas nas cidades de Barra do Garças (1), Jaciara (1), Nova Olímpia (1), Cuiabá (33), Várzea Grande (2), Chapada dos Guimarães (2), 5 em Campo Grande (MS) e 6 em Rondônia. As conduções coercitivas são cumpridas em Nova Olímpia (2), Sinop (1), Cuiabá (6), Várzea Grande (1), Rondonópolis (1) e Estado do Pará (1). As buscas ocorrem em todas as cidades com membros investigados.
Os mandados de prisão, busca e condução foram expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá – Vara Especializada do Crime Organizado, na investigação comandada pela Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos Automotores (DERRFVA), em parceria com a Diretoria de Inteligência da Polícia Civil.
A operação é fruto de três meses de investigações que levaram a descoberta de uma rede criminosa liderada por membros de uma facção, que agem de dentro de presídios de Mato Grosso, e mantêm alianças com facções em Rondônia, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Amazonas.
Ao logo da apuração, a Polícia Civil, por meio de uma inovação tecnológica investigativa, acompanhou em redes sociais a ação controlada de 35 eventos criminosos envolvendo roubos de veículos, receptação e manobras financeiras de aberturas de contas para depósitos, transferências e saques de valores em bancos, além de ocultação e o comércio de veículos subtraídos e clonados.
Os crimes eram liderados por quatro principais membros da organização criminosa, que estão presos em unidades prisionais de Mato Grosso. Eles encomendavam veículos para comparsas do lado de fora, que agiam como verdadeiros “soldados do crime”, executando os roubos conforme a necessidade (modelo e cor) da organização. Assim, usando carros clonados promoviam rondas pela cidade, em grupos de três a quatro pessoas, objetivando encontrar vítimas com veículos, de acordo com as características repassadas pelos líderes. Caso encontrassem a pessoa desatenta, embarcando ou desembarcando de seu veículo, rapidamente entravam em contato com seus “superiores” e mencionavam o que tinham à disposição. Se o comando criminoso se interessasse pelo veículo, promoviam o roubo.
Duas características faziam do roubo uma ótima opção e a mais realizada. A primeira, pela facilidade de tomar as chaves originais (possibilitando a ação de um criminoso sem conhecimentos específicos de mecânica/elétrica – ligação direta e outros necessários para o furto) e documentos do veículo e bens das vítimas. A segunda, o perfil das vítimas, que por estarem distraídas ou em momento de descontração, possibilitava a aproximação dos criminosos e uma abordagem armada sem maiores problemas.
A Polícia Civil estima que o grupo criminoso tenha sido responsável por 60% dos roubos e furtos de veículos automotores ocorridos nos três meses da apuração. No período da operação “Ares Vermelho” foram contabilizados 682 roubos e furtos de veículos (410 roubados e 272 furtados), sendo atribuído a organização 409 veículos roubados ou furtados na região metropolitana.
O ganho na revenda ou troca dos veículos de origem criminosa rende, em média, R$ 3 mil para os envolvidos. Caso não tivesse ocorrido à recuperação de 90% dos veículos subtraídos em Cuiabá e Várzea Grande, em ação das forças policiais, a estimativa de lucro seria de R$ 1,2 milhão no curto tempo da investigação.
Participam da operação 200 policiais civis (investigadores, delegados e escrivães) da região metropolitana, com emprego de 67 viaturas policiais e dois helicópteros do Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPaer), além dos policiais das delegacias da Diretoria do Interior e Metropolitana que apóiam a operação nas cidades de Jaciara, Rondonópolis, Barra do Garças, Sinop e Chapada dos Guimarães.
O nome “Ares” remete ao deus grego das guerras, da guerra selvagem com sede de sangue, daí o complemento “vermelho”, devido a cor.