A necessidade de uma formação inicial e, sobretudo, continuada para os profissionais da educação foi o foco da palestra do professor doutor Carlos Roberto Jamil Cury, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, ministrada durante o seminário “Educação de Qualidade: desafio de todos”. O evento, promovido pela Secretaria de Estado de Educação, está sendo realizado no Centro de Eventos do Pantanal.
“A escola só pode ganhar em qualidade se ela priorizar o caráter pedagógico e valorizar o professor, o qual deve ser o foco, tanto como indivíduo, quanto como coletivo”, avaliou o professor ao observar que hoje a maior parte dos professores de 1ª a 4ª série (ou escola ciclada) não possui formação em nível superior e a maioria não tem condições de fazer a formação continuada.
Jamil Cury traçou um panorama da qualidade da educação no país, partindo dos governos ditatoriais e passando pela Constituição Federal de 1988, para destacar as causas dos índices de evasão escolar registrados atualmente. Os motivos que provocaram a baixa qualificação dos professores e a conseqüente decadência do ensino público foram pontuados pelo professor, que provou aplausos dos mais de 1,5 mil participantes que lotaram o auditório das Árvores.
“No final dos anos 60 e início dos anos 70 deu-se um fenômeno que estamos pagando até hoje. Os governos militares financiaram a expansão da rede física das escolas com o arrocho dos salários dos professores”, enfatizou Cury.
Além da diminuição dos salários, para entrar na rede pública os professores eram obrigados a passar por rigorosos concursos. O baixo índice de aprovação fez com que os governos ditatoriais lançassem mão de contratos precários. A conseqüência dessa política foi a erupção dos cursos superiores privados. “Aí estava pronto o trabalho para o ensino de má qualidade. O professor passou a ser um ‘táxi’ para recompor o salário que a ditadura arrochou”, comparou o professor.
A conseqüência da sobrecarga dos profissionais foi a falta de tempo para a qualificação, que, por conseguinte, causa prejuízos aos alunos hoje. Essa problemática, conforme Jamil Cury se deu em um contexto em que o Brasil se tornava cada vez mais injusto. “Os ricos se tornando cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres”.
A Constituição de 1988 foi o sinal de que o país, já industrializado e menos carente de mão-de-obra física, não agüentou e gritou contra a ditadura. Porém, quando o Estado decidiu resgatar a perdas e investir na mão-de-obra intelectual, ele estava fraco e endividado.
Quanto ao assunto, o secretário adjunto de Políticas Educacionais da Seduc, professor Antônio Carlos Máximo, destacou que o governo de Mato Grosso, vem investindo sistematicamente na formação continuada dos profissionais da educação. O Estado conta com 12 Centros de Formação e Atualização dos Professores (CEFAPROs), responsáveis pela formação continuada. Cada CEFAPRO conta com 13 professores e dois consultores da UFMT, Unic e Unemat.
“De 2002 para cá, o investimento na formação inicial e continuada dos professores passou de R$ 890.147 mil para R$ 7.311.104 milhões previstos para 2005. O número de profissionais atendidos passou de 5.857 para 21.320 previstos para este ano. Em 2004 o investimento foi de R$ 2.897.573 milhões qualificou 18.185 mil professores no Estado. Portanto, o governo tem investido na formação inicial e continuada, mas não basta apenas isso, os professores têm que se conscientizar e também procurar as formações”, finalizou Maximo.