O Brasil está péssimo na área educacional. Se no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), o resultado não foi dos melhores, na avaliação da Prova Brasil, feita com alunas das 4ª séries e 8ª série do ensino municipal em 26 capitais brasileiras mostra que a coisa está ruim. Em Cuiabá, os alunos avaliados não conseguiram atingir sequer a metade dos pontos das provas. Pelo menos não foram piores que São Paulo, por exemplo, a principal capital brasileira que teve um resultado pior.
Destaque ficou para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, que foi a primeira colocada na área de português e segunda colocada em matemática. Ao contrário de Cuiabá, Campo Grande, que um dia pertenceu ao mesmo Mato Grosso, mostra uma maior preocupação com o nível de ensino de seus moradores.
Mas se Cuiabá não fica entre os primeiros lugares não dá o vexame do ensino público estadual que no segundo a lista do Enem divulgada no início do ano teve a pior escola do país e no geral foi péssimo.
O ensino municipal de Cuiabá até que apresenta um nível razoável se comparado ao desempenho medido
no fim do ano passado pela Prova Brasil, realizada pelo Ministério da Educação, e mostra a cidade no 16º lugar entre 26 capitais (Brasília não foi computada) em português e em 14º em matemática.
Com média 163,65 na primeira disciplina e 170,55 na segunda, os alunos das escolas municipais não alcançaram nem a metade do total de pontos possíveis nas provas, que é de 350. Mas, pelo menos conseguiram superar capitais muito mais avançadas, como São Paulo, por exemplo, mas perdem para capitais como Rio Branco, no Acre e Teresina, no Piauí
A diferença da rede municipal de Cuiabá para a de Campo Grande, primeira colocada em português é de 27,50 pontos e, para Curitiba, que encabeça o ranking de matemática, é de 24,79. Na 8.ª série, Cuiabá mantém a mesma posição da 4ª série, 16ª,em português e passa para a 13ª colocação em matemática.
Lisandre Maria Castelo Branco, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, também acha que o problema está na formação do professor. “A precariedade do ensino básico tem como ponto fraco a questão da condição do professor. Ele não foi formado para ter uma preocupação em compreender a realidade dos alunos que o cercam nem para entender – e, assim, explicar – os motivos de ensinar determinadas matérias. Assim, fica o aprender pelo aprender.”
Para ela, o resultado do ensino municipal na Prova Brasil também desmonta o mito de que tudo é melhor nas grandes capitais. “É uma ilusão achar que nas grandes metrópoles estão as melhores oportunidades de trabalho, de ensino ou do que for. A vida para quem não tem dinheiro nestas capitais é brutal.”
Já a presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, Maria do Pilar Lacerda, também secretária municipal de Educação de Belo Horizonte, é contra o ranqueamento dos municípios e diz que é impossível comparar as redes porque as condições do país são muito diferentes. “Temos de analisar as dificuldades de cada cidade. As avaliações servem para cada sistema refletir sobre seus erros e melhorar.”
Segundo a Prova Brasil, Campo Grande teve o melhor desempenho em português e, Curitiba, em matemática nas duas séries avaliadas. Já a pior colocação ficou com Recife na 4ª série e com Rio Branco na 8ª, em ambas as disciplinas.