O Sintep reiterou seu pedido de mais atenção por parte do poder público para o ensino médio durante as discussões sobre o projeto do Plano Estadual de Educação (PED) realizadas dentro da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa. Na última semana, o presidente, Gilmar Soares Ferreira, integrou o grupo que analisou o item Ensino Médio e aproveitou para alertar parlamentares sobre a necessidade de implementação de medidas urgentes para reverter um quadro que hoje é muito preocupante. E a grande questão colocada, salienta, são os recursos.
Gilmar lembra que o diagnóstico que se tem hoje em Mato Grosso é o de que, em cada 100 alunos do ensino médio, menos de quatro aprendem suficientemente ou adequadamente. São dados de exames feitos em Língua Portuguesa e Matemática que o Enem e Saeb tem apontado, ressalta. “Ou seja, o resultado do ensino médio é um desastre”, lamenta. Mas há uma outra modalidade que ele considera pior ainda. “Quando se fala em ensino médio profissionalizante, aí é um desastre mesmo. O Estado é ausente. Mato Grosso hoje não tem política de Educação Profissional”, denuncia.
Um Estado em pleno desenvolvimento, em crescimento, e precisando de mão de obra tem que dar condições aos seus trabalhadores de atuar nesse mercado, frisa. O que acontece é que os postos de trabalho criados acabam sendo ocupados por gente de fora, principalmente do Sul e Sudeste. “Os nossos jovens estão ficando à margem do desenvolvimento do estado. A cidadania, condição básica para que a gente possa ter humanidade, está ficando de lado. Quer dizer, um estado que se desenvolve acima da média nacional, não cria as condições para os seus filhos e filhas terem cidadania”.
O sindicalista explica que o poder público tem que garantir uma política específica de financiamento do ensino médio condizente com as necessidades. Segundo ele, Mato Grosso nunca destinou recursos para a área de ensino médio. Sempre ficou esperando de instituições como o Banco Mundial e do governo federal. O resultado são escolas de ensino médio que não têm Não têm laboratório de ciências físicas e biológicas, de informática, não tem biblioteca, e quando os tem não há profissional específico para isso. “É uma grande lista de coisas, como escola de tempo integral, garantir funcionários, profissionais valorizados”, acrescenta.
Para o presidente do Sintep-MT, é interessante ver que o projeto do Plano Estadual de Educação é fabuloso, mesmo porque está baseado no resultado da conferência realizada no ano passado, onde educadores, estudiosos e sociedade apontaram quais eram as necessidades. “Fico feliz em saber que aquele espaço da conferência que aconteceu há um ano é soberano, sabia do problema que estava colocado”. Só que o quadro continua o mesmo. Faltam salas, não existe um debate curricular para o ensino médio, não há uma política para correção de fluxo para as pessoas que freqüentam o ensino médio e que estão fora da chamada idade escolar. Hoje existe, por exemplo, o projeto Beija-flor que diminui de oito/nove anos para dois/três anos o tempo necessário para completar o ensino médio. “Você sai com um diploma debaixo do braço mas é um analfabeto funcional”, denuncia.