A redução nos juros básicos da economia não foi suficiente para a redução das taxas cobradas pelo uso do cheque especial.
Em novembro, os juros do cheque especial subiram 0,6 ponto percentual, para 149,2% ao ano, segundo pesquisa divulgada hoje pelo Banco Central. Foi a única taxa ao consumidor que apresentou alta no mês.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, essa elevação ocorreu porque as operações nessa modalidade ficaram concentradas em uma instituição bancária que cobra uma taxa muito elevada. No entanto, segundo ele, haverá um recuo na taxa de dezembro, já que nos primeiros dias do mês ela já está em 147% ao ano.
A Selic (taxa básica de juro da economia brasileira) foi reduzida nos últimos quatro meses, de 19,75% em meados de setembro para 18% hoje.
A taxa das operações de crédito pessoal caíram de 70,3% em outubro para 68,7% em novembro. Colaborou para esse movimento a redução ocorrida no crédito consignado, que passou de 37,2% ao ano para 36,9% ao ano.
Para Lopes, o consumidor terá um espaço maior para o consumo neste Natal devido ao movimento de redução das operações de crédito.
“O crescimento do crédito no Natal é sazonal. Mas é lógico que em um cenário de queda os juros você toma mais crédito. Há um espaço maior para compras. Você abre mais espaço para o consumo”, avalia.
A maior queda ocorreu na taxa para a aquisição de bens exceto veículos, com redução de 2,7 ponto percentual, para 56,4% ao ano. Para a compra de automóveis, os juros passaram de 35,6% para 34,9% ao ano em novembro.
A taxa média das operações para pessoa física ficaram em 60,4% ao ano, uma redução de 1,3 ponto percentual. Esse é o menor valor da série histórica, iniciada em junho de 1994. Contribuiu para isso a redução de 0,7 ponto percentual no spread –diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes–, para 43,2 pontos percentuais.
Lopes alerta para o fato do spread cair em um ritmo menor do que a taxa de juros.
No caso das pessoas físicas (empresas), a taxa de juros média em novembro caiu 1 ponto percentual em relação ao mês de outubro, para 32,4%. O spread está em 14,1 pontos percentuais, uma redução de 0,4 ponto.
A taxa média geral das operações de créditos em novembro apresentou um recuo de 1,1 ponto percentual, para 47,1% ao ano. Para o BC, o movimento reflete a flexibilização da política monetária e a redução dos spreads.
Volume
O volume total das operações de crédito estava em R$ 589,8 bilhões em novembro, um aumento de 2,4% no mês e de 19,5% em 12 meses. Esse montante representa 30,5% do PIB (Produto Interno Bruto), contra 30,1% em outubro e 26,95 em novembro do ano passado.
Para Altamir, com a perspectiva de crescimento de renda nos próximos meses, há uma tendência de aumento da participação do crédito em relação ao PIB do país.
Parte desse aumento virá por meio das operações com crédito consignado. Segundo ele, essa modalidade ainda tem espaço de crescimento junto aos trabalhadores do setor privado.