O presidente da CDL Sinop, Afonso Teschima Junior, usou ontem à noite a tribuna da Câmara Municipal e apresentou um balanço da situação do comércio local que vem sentindo os reflexos da crise nos setores madeireiro e agrícola.
“Todos aqui são testemunhas dos problemas econômicos que nossa região tem enfrentado desde o inicio deste ano. Aliás temos sido castigados por consecutivos problemas envolvendo os diversos braços do agronegócio, que é o sustentáculo de nossa economia. O primeiro dado que trago é com relação ao desemprego e vem da sede municipal do Sine, Sistema Nacional de Emprego. Todos os setores da economia estão demitindo, as madeireiras, o comércio, a industria, a agricultura e os prestadores de serviço. Mas abro um parentes aqui para ressaltar que os setores mais atingidos tem sido o das madeireiras que responde a trinta e sete por cento (37%) das demissões e o comércio que responde por mais de vinte e seis por cento (26%) das demissões”, apontou Afonso.
“Analisando apenas os últimos três meses, julho/agosto/setembro, verificamos que este ano o Sine encaminhou o pagamento do seguro desemprego de mil oitocentos e nove (1809) trabalhadores, o que significa que em cada dia de funcionamento do Sine foram atendidas, em média, trinta (30) pessoas que ficaram desempregadas.
No mesmo período do ano passado a média de encaminhamentos de seguro desemprego no Sine era de treze (13) pessoas por dia, ou seja nos meses de julho/agosto/setembro de dois mil e quatro apenas setecentos e setenta e oito (778) pessoas foram demitidas em Sinop. Resumindo, de 2004 para 2005 o aumento das demissões foi superior a cento e trinta por cento (130%)”, acrescentou.
O presidente da CDL disse ainda que a tendência é das demissões aumentarem.
“Analisando isoladamente as médias mensais deste ano veremos que isso já vem acontecendo. Em julho a média de encaminhamentos do seguro era de 28 por dia, em agosto subiu para 29 e em setembro foi para 33 pedidos por dia. E atenção, aqui estamos falando apenas das demissões que podem ser contabilizadas através do seguro desemprego ou seja dos trabalhadores com carteira assinada, com exceção dos trabalhadores temporários e das trabalhadoras domésticas”, acrescentou.
Afonso Teschima Junior também manifestou preocupação com a inadimplência.
“Quando um cliente não paga sua conta na loja, emite cheque sem fundo ou susta o mesmo, ou seja quando o comerciante não consegue receber a dívida faz o registro deste cliente na lista de inadimplentes. Como na previsão de vendas é esperado que de um ano para o outro este registro aumente até 15%, mais do que isso é sinal de que algo não vai bem em nossa economia. Este ano, de maio para cá, o número de inadimplentes tem aumentado sempre mais de 40% sendo que em julho o aumento foi 93%. Em agosto este aumento foi de 55% e em setembro o aumento foi de 88%.
Do jeito que nos encontramos, se nada fizermos, em pouco tempo a crise em Sinop atingirá proporções assustadoras e não conseguiremos mais reverter este triste quadro. Não podemos assistir a tudo isso de braços cruzados, precisamos agir e neste momento o melhor que podemos sugerir é que mudemos o nosso foco, disse o presidente da CDL.
“Sinop não pode mais ser refém do agronegócio que está sujeito a todo tipo de instabilidade, é chegada a hora de diversificar. Precisamos buscar soluções mais seguras que gerem emprego e renda. Existem muitas alternativas que podem ser utilizadas aqui e que já foram testadas com sucesso em outras localidades, um exemplo disto é a industria do biodiesel, mas existem outras boas idéias e tenho certeza de que juntos, nós empresários, a Câmara Municipal e a Prefeitura encontraremos soluções que possam mudar o rumo desta história. Gostaria de sugerir que seja realizado um ciclo de estudos e debates, com o apoio inclusive de órgãos estaduais e federais, para que encontremos alternativas econômicas para Sinop, e porque não para nossa região, a curto, médio e longo prazo.”, afirmou
O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas finalizou conclamando os vereadores para que criem, através de projetos de leis e discussões com o prefeito, “uma política de incentivos fiscais que proporcionarão aos empresários benefícios para que eles invistam em nossa região. E quando falo em benefícios para os empresários refiro-me a todos, seja de outros Estados e até de outros países, mas principalmente para os que estão aqui desde a fundação da cidade, pessoas que muitas vezes são esquecidas ou negligenciadas pelo poder público mas que podem contribuir em muito para que saiamos desta crise”, finalizou.