A industrialização de produtos agropecuários de Mato Grosso começa a ganhar os municípios do Estado. Mas a novidade é que indústrias de outros setores também passaram a se instalar pelas terras mato-grossense. Em 32 meses, o Governo Estadual organizou os meios de atração de indústrias para o Estado. Dados da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) mostram o acerto das políticas de desenvolvimento que alocaram investimentos de R$ 405 milhões em Mato Grosso, de janeiro de 2003 a agosto de 2005.
Um grupo de 60 empresas efetivamente se instalou no período em Mato Grosso com novas plantas industriais ou ampliações. O volume de novos empreendimentos para empregar valor agregado a novos produtos e verticalizar a produção se espalhou por 26 municípios. Uma das bases para atrair capital produtivo foi o Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic), criado pelo Governo Estadual em setembro de 2003.
Outro índice de valor social é a geração de empregos diretos. Com as empresas instaladas ou ampliadas, foram 11,1 mil novas ocupações. No movimento dos negócios da cadeia produtiva, foram outros 26,1 mil empregos indiretos no setor industrial com o Prodeic.
As áreas de atuação são diversificadas; vão de investimentos do segmento sucroalcooleiro, embalagens para produtos agrícolas à, por exemplo, fábrica de osso para cachorro – com matéria-prima retirada do aproveitamento de subprodutos do couro.
O programa despertou interesse de empresários do setor industrial, por meio de incentivos fiscais que variam de 50% a 100% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a pagar, por um prazo determinado.
O secretário Adjunto de Desenvolvimento da Sicme, José Epaminondas Mattos Conceição, enumera que há dois fatores levados em conta para dar valor agregado à produção mato-grossense. O incentivo não pode reduzir a arrecadação do Estado e o benefício fiscal concedido é feito em cima do incremento a produzir ou da nova unidade industrial.
Instalada no ano passado, em Campo Verde, a fábrica de osso para cachorro mostra bem a utilidade de uma indústria como essa para um Estado de Mato Grosso com 26 milhões de cabeças de bovinos. “Esse osso para cachorro é feito da apara do couro no curtume. Antes, isso ia tudo para o lixo e boa parte do produto nos supermercados era importado ou de outro Estado”, conta.
Dez unidades de curtumes foram enquadradas no programa e receberam reforço do Prodeic, na maior parte dos casos para expansão. Antes da operacionalização do programa, as indústrias locais usavam couro de 4 milhões de cabeças e o couro saía de Mato Grosso “in natura”. “Antes não era atrativo, os curtumes utilizavam 50% da capacidade, tinha ociosidade grande. Mas, atualmente, trabalhamos até com couro de Rondônia. Só em Colíder, são 3 mil couros ao dia”, analisa.
O incentivo do programa estimulou investimentos dos empresários, a ponto de o couro agora processado em Mato Grosso ter originado cinco tipos ou produtos: o wet blue (sem o pêlo); o wet green (tratado com corante natural tanino); o semi-acabado; o acabado e na forma de raspas (para confecção de luvas e botinas rústicas utilizadas na construção civil).
Ainda na pecuária, os incentivos concedidos à indústria de frigoríficos, oito no total, resultaram em maior arrecadação de recursos pelo Governo Estadual, nos últimos 32 meses. “A arrecadação subiu bastante, mais que o dobro entre o final de 2003 e agosto deste ano. Havia um frigorífico de suíno em Mato Grosso do Sul que abatia grande parte dos suínos de Mato Grosso. Por meio de uma parceria entre duas empresas, uma localizada em Nova Mutum e a outra em Diamantino, nosso Estado deixou de abater apenas 800 suínos/dia e passou a abater dois mil suínos por dia”.
O secretário-adjunto define o fator desigualdades sociais como fio indutor dos investimentos em diferentes regiões de Mato Grosso pelo Prodeic. “As indústrias que se instalam nas cidades que possuem os menores Índices de Desenvolvimento Humano, o IDH, recebem maior incentivo. Geralmente os menores IDHs se localizam nas cidades mais distantes da capital. Dessa forma, queremos evitar a migração de pessoas do interior para Cuiabá e Várzea Grande, que atualmente, juntas, possuem cerca de 1 milhão de habitantes”, explica um dos mecanismos de distribuição das novas indústrias.
Nos últimos 32 meses, as empresas foram se instalando por municípios como Cuiabá, Cáceres, Rondonópolis, Colíder, Sorriso e Tangará da Serra. Outros empreendimentos se solidificaram em municípios como Várzea Grande, Nova Mutum, Vila Rica, Feliz Natal, Sinop, Campo Verde, Campo Novo do Parecis, Jaciara, entre outros.