As diferenças de preços na comercialização do boi entre Mato Grosso e São Paulo, que em média é de 10%, chegou a 20% e hoje está na faixa de 15%. Os dados foram mostrados pelo presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato) e ex-secretário de Agricultura, Homero Pereira, ao balizar a crise no setor. “Isso penaliza o produtor do estado. Nós perdemos competitividade” – comentou.
Ele explicou que os pecuaristas de Mato Grosso já enfrentam grandes e graves problemas de logística de estradas. “E, nessa questão do mercado estamos na mão de grupos frigoríficos do nosso Estado” – apontou. Na semana passada, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, anunciou que os frigoríficos Frigoalta, Friboi, Bertin e Marfrig, instalados em Mato Grosso, serão investigados por formação de cartel.
Além disso, os pecuaristas de Mato Grosso, em quase quatro horas de reunião na sexta-feira, questionaram as lideranças do setor apresentaram até fizeram denúncias de irregularidades cometidas pelos frigoríficos como o não recolhimento dos 2,3% do Funrural.
Para tentar reduzir os problemas de perdas na hora de comercialização, a Federação da Agricultura de Mato Grosso vai implantar o CentroBoi. No Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte os cerca de 1,8 mil produtores receberam uma ficha de adesão ao centro. “O CentroBoi, faz parte de uma estratégia de mercado operacional, onde por meio da federação e dos sindicatos rurais, nós queremos disponibilizar para todos os pecuaristas do nosso estado informações de mercado, de frete. Ajudar a formar lotes para que tenha escalas para o abate”, explicou Pereira.
Segundo ele, esta medida é uma maneira de demonstrar a organização do setor, uma questão de sobrevivência no mercado. “O importante é termos estratégia de negociação. Porque se montar uma única central, pode ser caracterizado como um cartel do lado de cá, ou seja, dos produtores” alertou