O dólar encerrou em alta de 1,38 por cento nesta sexta-feira, a 2,284 reais, na esteira da piora de humor das bolsas de valores nos Estados Unidos e de outros mercados emergentes.
A fraca liquidez na parte da tarde também ajudou a acelerar o avanço da moeda, disseram analistas. Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 1,92 por cento.
Pela manhã, o dólar chegou a recuar 1,55 por cento, a 2,218 reais na mínima, refletindo a reação inicial dos mercados norte-americanos aos dados que mostraram criação de emprego nos EUA mais fraca que o esperado.
O relatório de emprego amenizou temores com inflação, alimentando apostas de que o Federal Reserve poderá interromper em junho o ciclo de aperto monetário. Ao mesmo tempo, porém, os números trouxeram à tona o receio de uma desaceleração econômica nos EUA.
“Surge então um ponto de conflito que, naturalmente, pode determinar volatilidade nas bolsas americanas e nos Treasuries, criando um paradoxo entre o otimismo por um lado e o pessimismo por outro”, comentou a corretora de câmbio NGO, em relatório.
Mesmo com o rendimento dos Treasuries avançando e o dólar perdendo força para o euro, a preocupação com o ritmo menor de crescimento da economia abateu o humor dos investidores de Wall Street, e as principais bolsas de valores norte-americanas operavam em baixa nesta tarde.
“Como há, neste momento, uma contaminação muito grande do cenário americano sobre o mercado global, não se pode descartar que haja repercussão no nosso mercado do cenário americano”, completou a corretora.
O gerente de câmbio da corretora Liquidez, Francisco Carvalho, reiterou que o cenário internacional tem pesado mais sobre o rumo do real do que fatores internos como as exportações fortes e os juros elevados.
“Se fossem só fatores internos, o dólar teria que estar a 2,20, 2,15 (reais). Mas tem a incerteza externa, a inflação, o desaquecimento da economia mundial, problemas num emergente hoje que foi a Turquia… isso tudo coloca essa volatilidade imensa no mercado”, disse Carvalho.
Os preços dos bônus da Turquia despencaram e a lira turca caiu frente ao dólar após dados mostrarem inflação mais forte que o esperado em maio. O movimento acabou abatendo o humor dos mercados emergentes em geral, citaram analistas.
Nesta tarde, o índice EMBI+, do JP Morgan, subia 7 pontos, para 217 pontos-básicos sobre os Treasuries. A porção brasileira do indicador de risco avançava 8 pontos, para 274 pontos-básicos sobre os Treasuries.