O recado foi dado hoje à noite, pelo governador Blairo Maggi: a crise econômica em Mato Grosso vai aumentar e o “Estado terá aprofundado o seu quadro de diminuição da atividade econômica nos próximos meses e, conseqüentemente, redução de arrecadação devido a perda de renda na agricultura e pecuária”. Blairo falou na sessão especial na Assembléia Legislativa que, para atenuar a conjuntura, é preciso “um aperto de cinto nos gastos públicos como em investimentos”. O governador também defendeu a liberação das rodovias federais e estaduais, que vêm sendo bloqueadas há 4 semanas, pelo movimento dos produtores rurais do Grito do Ipiranga, é necessária para Mato Grosso retomar níveis de crescimento de anos anteriores. O governador informou que conversou, nesta quarta-feira, com presidentes de sindicatos rurais para uma trégua ao Governo Federal nos bloqueios nas rodovias até o dia 25, quando será anunciada a proposta da União ante os pedidos de oito governadores para ativar o agronegócio, inclusive o Plano de Safra para 2006/2007.
Maggi disse que solicitou à sessão ao presidente da Assembléia Legislativa para colocar de forma clara a “gravidade do momento difícil dos próximos meses”. Mas o governador afirmou que investimentos e serviços essenciais da saúde, educação e segurança não serão prejudicados.
O secretário de Fazenda, Waldir Teis, disse que houve redução do movimento de carga em Mato Grosso de 50% a 54% entre março e maio deste ano e de 31% entre maio e abril, segundo estimativa de postos fiscais. “Em Mato Grosso, provavelmente teremos que apertar o cinto para fazer coisas mínimas na política social”, disse. “Já temos milhares de desempregados em Mato Grosso devido a crise do agronegócio e esse contingente pode crescer”, alertou.
Ele pediu o apoio dos deputados para convencer produtores rurais a dar voto de confiança ao Governo Lula, diante das propostas apresentadas na terça-feira (16.05) em reunião com o presidente e os ministros Roberto Rodrigues (Agricultura) e Guido Mantega (Fazenda). O governador repetiu que os governadores convenceram Lula e os ministros sobre a gravidade da perda de renda do agronegócio para os demais setores da economia, como o industrial.
Entre as medidas estão: o refinanciamento das dívidas dos produtores, mais investimento no setor agrícola e mudanças na política cambial para facilitar exportações de produtos primários.
Segundo o governador, a previsão é de que ao final do ano o Estado de Mato Grosso feche o exercício com um déficit de R$ 600 milhões.
Além de parlamentares e secretários, participaram da exposição do governador no Plenário da Assembléia Legislativa o vice-presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Jurandir Florêncio de Castilho; o presidente do Tribunal de Contas, José Carlos Novelli e o procurador-geral de Justiça, Paulo Prado.
Além de manterem os bloqueios nas rodovias federais, porém em menor intensidade do que vinha ocorrendo, os produtores também fecharam mais de 40 unidades do Indea (Instituto de Defesa Agropecuária) em Mato Grosso. Com isso, frigoríficos acabaram tendo atividades parcialmente paralisadas, principalmente no abate. O Indea é quem emite as guias para transporte de animais das fazendas para os frigoríficos. Só um deles, em Sinop, deixará de abater 600 animais/dia. O Governo do Estado acionou o Judiciário pedindo liminar para abrir as unidades do Indea e os produtores e pecuaristas serem impedidos de interromper as atividades do órgão. O Indea informou que o trabalho de veterinários no campo não foi atingido com os protestos.
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