De acordo com o chefe de Fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Rondônia, Jorge Porto Ferreira, os madeireiros que estão bloqueando a BR-364 estão protestando contra a perda de caminhões apreendidos pelo transporte ilegal de madeira. Essa estrada é a única via de acesso terrestre do Acre e do norte de Rondônia ao Centro-Sul do país e é também utilizada para o escoamento dos eletroeletrônicos produzidos no Pólo Industrial de Manaus.
“Isso é uma determinação da lei 9.605, válida desde 1998. Mas na prática, aqui na região, os caminhões eram devolvidos aos infratores. Agora a Justiça vai leiloa-los ou doá-los a instituições como o Ibama”, explicou Ferreira. “Diante do quadro de que 90% da madeira que sai da Amazônia é de origem ilegal, eu não vejo possibilidade alguma de a gente retroceder à prática anterior”.
Segundo Ferreira, o que motivou as manifestações dos madeireiros foi a apreensão de oito caminhões que transportavam 100 mil metros cúbicos de madeira sem autorização, no último dia 26 de janeiro. Os veículos ficaram sob vigilância da Polícia Rodoviária Federal, mas dois dias depois quatro deles foram devolvidos aos donos, por ordem do delegado Thiago Leite, da Polícia Civil.
“Eu entrei em contato com a delegada regional de Ariquemes, Andréia Rezende. Ela então sugeriu uma reunião entre policiais, juízes, promotores e fiscais do Ibama que atuam na região, para esclarecer os procedimentos”, contou Ferreira. “A gente se reuniu por duas vezes, nos dias 2 e 7 de fevereiro. Na segunda reunião, o presidente da Associação de Madeireiros de Ariquemes estava presente. E ele foi avisado que a partir da última segunda-feira, dia 13, os motoristas pegos em infração perderiam seus caminhões já na primeira apreensão.”
De acordo com um e-mail enviado à lista de discussão do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), uma rede que reúne aproximadamente 600 organizações ambientalistas e movimentos sociais de toda a Amazônia brasileira, os protestos em Ariquemes começaram no último dia 10. A autora da mensagem, identificada apenas como Eliane Rudey, contou que ontem (14) o comércio da cidade não funcionou, em apoio aos madeireiros.
“A gente ainda não discutiu um posicionamento diante do tema, mas posso adiantar que somos totalmente favoráveis ao cumprimento da Lei Ambiental. Esses protestos só revelam que o meio ambiente não é respeitado em nosso estado”, declarou o coordenador regional da Rede GTA, Almir Suruí.
“Não é contra isso que a gente está se posicionando, porque a lei é antiga e sabemos que deve ser cumprida”, rebateu o dono da madeireira Normad, João Daniel Kalsing. “Protestamos por causa das dificuldades de regularizar a extração de madeira em toras na região.”