O governo admitiu na quarta-feira que poderá tomar alguma medida para segurar a alta nos preços do álcool, gerada principalmente pela perspectiva de oferta justa durante a entressafra, que prossegue até abril. Não está descartado nem mesmo o confisco de estoques, informou o jornal Folha de S.Paulo.
Apesar de ser considerada remota, a possibilidade de confisco seria uma forma de pressionar os usineiros, que, segundo Ângelo Bressan, diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, possuem 4 bilhões de litros de álcool estocados.
“Se não houver possibilidade de consenso, o governo vai tomar as medidas legais para que esses 4 bilhões de litros cheguem ao mercado com preços razoáveis”, afirmou Bressan à Folha. Mas ele ressaltou: “Não é razoável tomar medidas de força”.
Segundo o diretor, o governo vai se reunir na semana que vem para discutir a questão. Uma das possibilidades seria reduzir o percentual de mistura de álcool na gasolina, atualmente em 25%.
Mas a medida pode ser descartada porque o preço final da gasolina, nesse caso, tenderia a aumentar, uma vez que o preço do álcool é inferior ao do derivado de petróleo, disse Bressan.
Segundo ele, há produto suficiente para abastecer o mercado.
A perspectiva de uma entressafra no centro-sul com oferta justa de álcool, após meses de demanda aquecida, é apontada por traders e analistas como um dos principais fatores para a alta.
O sucesso de vendas dos veículos flexíveis (abastecidos com álcool e/ou gasolina) elevou o consumo de hidratado em 2005.
A forte alta nos preços internacionais do açúcar nos últimos meses também colaborou para o aumento do álcool.
O indicador Cepea/Esalq para o hidratado encerrou a semana passada em R$ 1.007,32 o metro cúbico (sem impostos), com aumento de 1,53% frente à semana anterior.