A entrada de capitais no país voltou a influenciar a cotação do dólar, e a moeda norte-americana fechou estável nesta segunda-feira após subir mais de 1% em meio à apreensão global com uma possível recessão nos Estados Unidos. A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 1,946. Em setembro, o dólar acumula desvalorização de 0,87%.
O mercado de câmbio voltou do feriado pressionado pela divulgação, na sexta-feira, de dados muito piores que o esperado sobre a criação de postos de trabalho nos Estados Unidos. A primeira redução do emprego em quatro anos gerou temores de recessão na maior economia do mundo e derrubou as bolsas de valores em todo o mundo.
“(O mercado doméstico) abriu com a intenção de ajustar os preços dos ativos depois dos indicadores que saíram na sexta-feira. Tinha que ter uma correção dos ativos no Brasil”, disse Luiz Pizani, operador de câmbio da corretora Liquidez.
O dólar foi impulsionado também pelo desempenho fraco das bolsas de valores no início desta semana. No momento mais agudo do dia, quando os índices em Wall Street desciam para o vermelho e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caía cerca de 4%, a moeda norte-americana chegou a subir mais de 1%, perto de R$ 1,97.
A forte valorização, porém, foi momentânea. De acordo com Rodrigo Nassar, gerente da mesa financeira da Hencorp Commcor Corretora, o patamar mais alto do dólar atraiu vendedores, principalmente na área de comércio exterior.
“Apesar do mau humor, (o dólar) está se comportando de maneira satisfatória. O fluxo (positivo) está acontecendo, hoje dá para perceber sim um pouco de fluxo no mercado”, comentou Nassar.
Na primeira semana de setembro, a balança comercial brasileira registrou saldo positivo de US$ 1,204 bilhão, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O desempenho do comércio exterior é o principal responsável pelo fluxo cambial recorde neste ano – mais de US$ 70 bilhões líquidos entraram no país até agosto, de acordo com o Banco Central.
Para Júlio César Vogeler, operador de câmbio da corretora Didier Levy, a semana passada atípica – feriado nos Estados Unidos na segunda-feira e no Brasil na sexta-feira – pode ter incentivado alguns agentes a retardar operações para esta semana.
“Essa volatilidade não vai acabar tão cedo, então as apostas continuam”, disse o operador, que lembrou que as bolsas nos Estados Unidos exibiram também alguma recuperação. Às 16h14, o índice Dow Jones, referência da bolsa de Nova York, avançava 0,39%, e o termômetro de tecnologia Nasdaq subia 0,25%.