A alta da moeda norte-americana, que subiu para mais de R$ 2, depois de oito meses em queda, está sendo recebida com cautela por alguns setores econômicos. Ontem, o dólar fechou a R$ 2,09 – maior patamar desde março- por conta de crises externas, recuperando a queda acumulada este ano. Em semanas anteriores, era negociada abaixo de R$ 1,90.
O presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte (Sindusmad), José Eduardo Pinto, destacou que o momento é de “profunda cautela” e que as indústrias devem aguardar a variação da moeda nos próximos dias. “Não sabemos que nível o dólar vai se estabilizar e se isso refletirá positivamente. As empresas não podem se precipitar e fazer negócios, já que até que o pedido é feito, a madeira é entregue no mercado externo e o pagamento, durante a conversação, pode ter nova queda”, argumentou, ao Só Notícias. “Se ficar no que patamar que está vai trazer um fôlego para o setor, já que as exportações estavam inviáveis”, completou José Eduardo.
O setor madeireiro responde por grande parte das exportações sinopenses e em outros municípios do Nortão. Somente no ano passado, movimentou US$ 38 milhões (89% do volume total). Somente no primeiro semestre deste ano, englobou cerca de 63% do total, equivalente a US$24 milhões. Atualmente, cerca de 50% da produção local são exportados.
O economista José Geraldo Nunes Machado, da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) em Sinop, também alertou sobre o momento de instabilidade da moeda norte-americana. Segundo ele, pode sofrer novas altas ou quedas. “Não há um fator fundamentado na economia que justifique a alta. Isso é reflexo da crise no mercado financeiro internacional”, explicou. Mesmo assim, destacou, essa variação não deve afetar o cotidiano das pessoas.
Especialistas também atribuem a alta à pressão pela saída de investidores estrangeiros em meio à deterioração do ambiente financeiro internacional, principalmente ao agravamento da tensão no exterior em meio à crise na maior concessora de hipotecas dos Estados Unidos.