O dólar acompanhou a recuperação dos mercados estrangeiros, que compensaram nesta segunda-feira parte das perdas registradas na semana passada em meio à preocupação com o setor de crédito dos Estados Unidos.
A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 1,877, em baixa de 0,95%. Na semana passada, o dólar chegou a fechar no menor patamar desde setembro de 2000, mas a piora do cenário externo fez a taxa se reaproximar do patamar de R$ 1,90.
Nesta segunda, o mercado de câmbio seguiu o comportamento mais tranquilo das bolsas de valores nos Estados Unidos, que operavam em alta após a pior semana em quase cinco anos. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) voltava aos 54 mil pontos durante a tarde, com alta de cerca de 3%.
A agenda sem indicadores econômicos dos EUA contribuiu para o alívio temporário, apesar de algumas notícias negativas no setor de crédito. “Passado esse susto norte-americano, parece que está aliviando um pouco. Até que venha um índice contrário”, disse Paulo Fujisaki, analista de mercado da corretora Socopa.
Os próximos dias, porém, são carregados de dados econômicos norte-americanos, com destaque para indicadores sobre setor imobiliário, postos de trabalho e inflação nos gastos pessoais.
Com o cenário externo mais favorável, a contínua entrada de dólares no país manteve a trajetória de desvalorização da moeda norte-americana, de acordo com Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora. No ano, o dólar acumula queda de 12,1%.
“O dólar mantém a tendência de queda no preço, e esta é efetivamente a sua tendência no nosso mercado, onde o fluxo de ingresso é mais intenso do que o de saída”, disse, em relatório.
“Este cenário indica que não há pressões de saída de recursos do país e nem precipitação para ajustes de posições, que aparentemente já foram adequadas”, acrescentou.
A tendência de apreciação do real fez o mercado reduzir levemente, mesmo com a recente turbulência, as projeções para a taxa de câmbio em 2007 e 2008, segundo pesquisa semanal realizada pelo Banco Central. Para os dois anos, a perspectiva para o dólar permanece abaixo de R$ 2.
Em relatório, o Banco WestLB do Brasil demonstrou expectativa parecida. “Continuamos a esperar que o dólar atinja novas mínimas antes do final do ano em meio ao forte fluxo comercial e financeiro”, afirmou.
O Banco Central marcou presença na última hora de negócios com um leilão de compra de dólares no mercado à vista. Na operação, a autoridade monetária definiu corte a R$ 1,8790 e aceitou, segundo operadores, ao menos dez propostas.