O comércio exterior de Mato Grosso fechou o ano com superávit na balança comercial, com saldo de US$ 3,92 bilhões, ou seja, 4,96% maior do que o saldo de 2005, que foi de US$ 3,74 bilhões. Já as exportações, que somaram US$ 4,33 bilhões em 2006 tiveram crescimento de 4,38% maior do que o valor de US$ 4,15 bilhões de 2005, no acumulado de janeiro a dezembro. Apesar do crescimento, o Estado apresentou queda nas exportações se comparado ao ano de 2005, que registrou aumento de 34% em relação a 2004. As informações foram repassadas hoje (17.01), pelo presidente da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Mauro Mendes. De acordo com ele, a queda deve-se principalmente a crise ocasionada no setor agrícola e a política cambial.
“As perdas cambiais pela valorização do real frente ao dólar, comparado dezembro de 2006 com dezembro do ano passado, podem ser estimadas em R$ 576 milhões, valor significativo e que mostra bem o efeito negativo do câmbio valorizado para as nossas exportações”, explica Mendes. Mato Grosso continua no ranking dos Estados exportadores em 10º lugar, com uma participação de 3,15% nas exportações brasileiras. Nas exportações regionais, a região centro-oeste representa 5,45% nas exportações brasileiras. Mato Grosso representa 57,18% nas exportações do centro-oeste, seguido de Goiás com 27,91%, Mato Grosso do Sul 13,40% e Distrito Federal 0,88%.
Os produtos mais exportados em 2006 foram os complexos da soja, carne e madeira. A carne foi o grande destaque, com crescimento de 114% em relação a 2005. Somente a carne bovina, que representa 85,7% do total exportado, apresentou um crescimento de 149%. “Este aumento deve-se principalmente ao embargo das exportações de carne dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul ao mercado da Rússia”. Do montante exportado de carne bovina, US$ 132 milhões foram destinados à Rússia, principal mercado nas exportações do complexo carne.
“Estamos planejando uma viagem ao mercado da Rússia e da Índia, em função da potencialidade de comercialização. A Rússia, por exemplo, compra carne, mas não a soja. Esta comitiva de empresários está sendo organizada pela Fiemt em parceria com o governo do Estado e deve ser realizada em abril”, informa Mendes.
Apesar da crise no agronegócio, o complexo soja continua sendo o carro chefe das exportações do Estado. Em 2006, totalizaram US$ 3,10 bilhões, registrando queda de 5% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas de soja-grão representam 73% do valor exportado do complexo e representa 71% das exportações estaduais. Os outros produtos – farelo e óleo – registraram forte queda em volume e em faturamento. “Este fraco desempenho é devido a diminuição no esmagamento da soja em grãos nas unidades do Estado em decorrência dos preços praticados no mercado”.
O algodão continuou com quedas nas vendas em valor e volume mesmo com o aumento de preço de 2% no período, que deve ser recuperadas neste ano, com a melhoria de cotação. O desempenho do açúcar e do couro apresentou aumentos substanciais de valor exportado, especialmente para o couro. “O grande desafio da economia mato-grossense é conseguir agregar valor aos produtos. Mais de 80% do que exportamos são produtos in natura. Esperamos retomar o crescimento neste ano”. O presidente destaca ainda que o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), instituição vinculada à Fiemt, está desenvolvendo uma pesquisa para medir as expectativas do setor industrial do Estado. “Queremos captar a vontade industrial dos empresários mato-grossenses. Os dados serão apresentados no final deste mês”, finaliza.