Ao longo de 2008, a pecuária mato-grossense foi marcada por vários eventos que fizeram com que a rentabilidade do pecuarista fosse reduzida, acarretando em um agravamento da crise enfrentada pelo setor. Entre os principais fatores que contribuíram para a difícil situação do segmento este ano foram o embargo das exportações à União Européia (que durou de fevereiro até o final de novembro), elevação nos custos de produção e alta no preço da carne.
O analista da Cadeia de Bovinocultura do Imea, Otávio Celidonio, afirma que o mais grave foi a alta nos custos de produção, que não refletiram no aumento no preço da arroba e na rentabilidade do pecuarista na mesma proporção. Ele considera que o valor dela até foi majorado, porém sem remunerar o produtor. Celidonio informa que as despesas operacionais, as que incluem custos com mão-de-obra, suplementação animal entre outras tiveram uma elevação de 35% do ano passado para cá.
Nos custos da produção, a suplementação, por exemplo, abocanha 34% do total, seguido pelas despesas com funcionários (30%), pastagem (8%) e compra de animais (3%). “Para se ter uma idéia, os gastos com suplementação animal aumentaram 96% este ano na comparação com o ano passado, o que onerou bastante a produção colocando o pecuarista em uma situação delicada”.
A consequência do aumento nos custos foi o repasse ao consumidor, que acompanhou nos supermercados e açougues preços majorados, fazendo com que as pessoas até mesmo trocassem de carne, optando pelo frango, por exemplo. Celidonio diz que a alta nos valores pode ser explicada pela redução na escala de abate nos frigoríficos, tudo isso consequência da envio de fêmeas para o abate nos dois últimos anos.
Ele diz que na pecuária o ciclo de produção é de cinco a oito anos, período compreendido entre a prenhez da vaca e a idade para o que boi seja abatido. “Como houve abate de fêmeas, a reprodução foi reduzida e consequentemente a oferta de bois prontos para o abate, o que leva um tempo para recuperar”, diz ao revelar que o abate em Mato Grosso registrou uma queda de 21% de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período de 2007.
A redução nos preços poderia ser consequência da suspensão nas exportações, o que não aconteceu.