O mercado de etanol em Mato Grosso é promissor, porém depende de logística de transporte. Mesmo que o governo trace projeções interessantes para a produção do combustível, o setor sucroalcooleiro avalia que o Estado não será a curto e médio prazos beneficiado com as perspectivas. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2008-2017 a demanda para o combustível crescerá 150% em 10 anos, passando de um consumo de 25,5 bilhões de litros este ano para 63,9 bilhões/l em 2017.
A previsão é da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e é sustentada pelo maior consumo do etanol por parte dos automóveis, já que a previsão é que cerca de 80% do volume total consumido será do setor, com o incremento na frota flex (bicombustível), cuja taxa média de crescimento é de 4,8% ao ano para os veículos leves. Apesar das previsões positivas, que no caso de Mato Grosso poderá aumentar ainda mais a produção e atender o mercado interno, representantes do segmento afirmam que o sucesso da projeção está condicionado às condições de escoamento do produto, ou seja, da logística, que hoje emperra o desenvolvimento não somente do setor sucroalcooleiro, mas também a agricultura e pecuária.
A logística é um velho problema que aflige os setores produtivos locais e que caso seja resolvida, por meio de ferrovias, rodovias, hidrovias e no caso do etanol, de um alcoolduto. Na avaliação do diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool-MT), Jorge dos Santos, a projeção feita pela EPE só será favorável ao Estado se houver um meio de transporte para o produto que possibilite o ganho de competitividade em relação a outros centros produtores como Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais, que estão mais perto dos portos (no caso do produto ser enviado ao mercado externo) e também dos maiores pólos consumidores, que estão localizados na região Centro-Sul do país.
Outra medida que deve melhorar a situação dos produtores mato-grossenses é com relação à aceitação do produto internacionalmente, a partir de definições de critérios que resultem em uma padronização de qualidade para o combustível e assim possa ser comercializado em todo o mundo. “A partir do momento que houver uma definição que transforme o etanol em uma commoditie internacional, o Brasil, que é um grande produtor poderá ser mais efetivo na mesa de negociações e conseguir um preço melhor, que remunere toda a cadeia”, diz ao informar que representantes do setor brasileiro participam de reuniões com autoridades da União Européia para saber as exigências socioambientais, do processo de produção, entre outros.
Mesmo que as perspectivas sejam positivas, o setor enfrenta um período de crise, decorrente de uma superprodução em 2006 quando diante de uma escassez do produto aumentou a produção e no ano seguinte, com oferta maior que a demanda, os preços foram depreciados levando o setor à uma preocupação que perdura até hoje.
A melhor alternativa para Mato Grosso, segundo Jorge dos Santos é a chegada do alcoolduto. Segundo informações repassadas pela assessoria de imprensa da Petrobras, a atual fase do projeto é conceitual e integra a estratégia da estatal visando incentivar a exportação de álcool. O início da obra está previsto para 2009 e a conclusão para o final de 2010. Os investimentos somam US$ 1 bilhão.
Está prevista a construção de seis trechos para a interligar as principais regiões produtoras do país com os portos de São Sebastião (SP) e da Ilha D”água(RJ). A extensão total do duto será de 1,056 mil quilômetros. A estrutura partirá de Senador Canedo (GO), passando por Buriti Alegre (GO), Uberaba (MG), Ribeirão Preto (SP), Paulínia (SP) e Guararema(SP). Deste ponto seguirá para a Ilha D”água (RJ) ou para São Sebastião (SP). Existirá também um trecho ligando Santa Maria da Serra (SP) até Paulínia.
Entre os benefícios do modal de transporte estão a facilidade de escoamento da produção de etanol nas regiões Centro-Oeste e Sudeste para os portos, que fomentará o crescimento da demanda e a criação de postos de trabalho.