Ainda neste semestre, os consumidores devem contar com preços mais baixos dos alimentos, principalmente do feijão, nas prateleiras dos supermercados, apesar da crise mundial. A afirmação foi feita pelo secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Silas Brasileiro, ao apresentar hoje o décimo levantamento da safra de grãos 2007/2008, elaborado pela Companha Nacional de Abastecimento (Conab).
“Quando tem maior oferta, conseqüentemente tem preços menores. E é o que vamos ver agora. Estamos sentido que, em função, do aumento da produtividade, da oferta, vamos ter preços menores para os nossos consumidores ainda neste semestre”, disse o secretário-executivo.
O diretor de Logística e Gestão Empresarial da Conab, Silvio Porto, explicou que a alta de preço dos grãos no Brasil é resultado da contaminação das cotações no mercado internacional. Ele lembrou que alimentos e bebidas correspondem a 25% da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas 80% dos alimentos que compõem o índice “não estão tendo elevação” de preços.
O secretário-executivo afirmou que no caso do feijão a produção (3,5 milhões de toneladas) é maior do que o consumo (3 milhões), portanto suficientes para atender à população. Ele lembrou também que o governo lançou o contrato de opção de venda para o feijão, com o objetivo de estimular a produção.
Segundo a Conab, o governo vai pagar R$ 40,5 mil para cada contrato de 27 toneladas, o que corresponde a R$ 90 por saca de 60 quilos. De acordo com o secretário, o valor a ser pago aos produtores é maior do que o preço mínimo (R$ 80) para o produto, sendo que o custo de produção é de R$ 60.
“Com certeza a gente está fazendo a correção e vamos ter a oferta de feijão sem nenhum dificuldade para abastecimento do mercado. As três colheitas de feijão que se faz anualmente vai refletir de maneira positiva para que o preço venha cair”, disse.
Entrentanto, o presidente da Conab, Wagner Rossi, afirmou que a estratégia do contrato de opção ainda não surtiu o efeito desejado porque a produção de feijão concorre com outras culturas, como trigo, milho e soja. “O feijão é uma cultura de ciclo rápido e compete com outras culturas que no momento estão muito remuneradoras”, explicou.
O presidente da Conab orientou a população a evitar a formação de estoques, uma vez que há produção suficiente de feijão no país para atender a demanda. “Nós não devemos, como consumidores, ajudar o especulador. Não faça estoque porque isso ajuda o manipulador a aumentar o preço contra a população”.
Segundo Rossi, a Conab estuda voltar a ter estoques estratégicos de produtos para atuar em momentos de especulação. “No caso do feijão, é um produto cuja armazenagem é muito problemática, porque tem tendência à deterioração muito rápida. Estamos querendo estabelecer um programa de estoque público com uma renovação rápida, periódica. Nunca [de] mais de um ano, no caso do feijão, e nuca [de] mais de dois anos no caso dos outros produtos”.
De acordo com o levantamento da Conab, a estimativa para a safra de grãos 2007/2008 é de 142,42 mihões de toneladas, um recorde histórico. Esse número é 8,1% superior ao da colheita passada e 0,6% menor em relação ao levantamento de junho deste ano por conta das geadas que atingiram lavouras de milho safrinha, no Paraná.
No caso do arroz, a estimativa de produção passou de 11,32 para 12,28 milhões de toneladas. Para o feijão, a projeção passou de 3,5 para 3,4 milhões de toneladas. A estimativa para o milho também sofreu redução, de 58,43 para 57,48 milhões de toneladas, assim como para a soja (de 59,85 para 59,84 milhões). A Conab também estima que a produçaõ de trigo será de 5,28 mihões de toneladas, contra os 5,16 milhões de toneladas previstos anteriormente.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgou hoje, no Rio, nova estimativa para a safra 2007/2008, de 142,6 milhões de toneladas. A Conab e o IBGE têm trabalhado para diminuir as diferenças entre as projeções para a safra.