A piora nas expectativas de inflação deste ano e o discurso conservador do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, pressionaram as projeções de juros nesta segunda-feira, dia de volume baixo de negócios por conta de um feriado nos Estados Unidos.
O Depósito Interfinanceiro (DI) mais procurado, janeiro de 2010, teve pouco mais de 150 mil contratos transacionados. Esse DI subiu de 14,39 para 14,45% ao ano. O DI janeiro de 2009 avançou de 13,16 para 13,19%.
“O mercado está bastante apreensivo”, disse Rodrigo Ferreira, operador do Banco Alfa de Investimento. “Na pesquisa Focus, a projeção deste ano para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi para 5,24%, fugiu bastante do centro da meta”, comentou, em referência ao relatório semanal do BC com as expectativas do mercado.
O IPCA é usado como parâmetro para a meta de inflação, que tem como centro uma taxa de 4,5% -com tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo.
A alta dos juros futuros também foi reflexo de uma entrevista do presidente do BC, Henrique Meirelles, publicada no final de semana. Ele enfatizou o compromisso de mirar o centro da meta de inflação, e disse que o principal instrumento é a taxa básica de juro.
O mercado interpretou a fala como um sinal de que o BC pode ser mais agressivo na reunião de 4 de junho, optando por uma alta da Selic maior do que a de 0,50 ponto percentual feita no último encontro.
Mas, Carlos Cintra, gerente de renda fixa do Banco Prosper, no Rio de Janeiro, salientou que o comentário de Meirelles não chegou a ser surpreendente. “Imagina-se que o BC tenha que realmente mostrar seriedade em relação à meta.”
O volume foi enfraquecido pela comemoração do Memorial Day nos Estados Unidos. No mercado aberto, o BC recolheu R$ 17,842 bilhões, por um dia, a 11,65% ao ano.