O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entregou novo relatório ao secretário de Estado do Meio Ambiente em exercício, Salatiel Alves de Araújo, onde reconhece que apenas 39,4% dos dados divulgados sobre desmatamento em Mato Grosso são referentes a corte raso. O corte raso é o critério utilizado pelo Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia), sistema oficial que é utilizado para computar anualmente a taxa de desmatamento.
A conclusão do Inpe veio após a análise do relatório entregue pela Sema ao órgão em março deste ano. Neste documento a secretaria apontava os dados coletados durante vistoria in loco e a conclusão foi de que apenas 10,12% dos dados do Deter se tratavam realmente de corte raso recente.
Deste relatório da Sema, o Inpe analisou de fato 353 pontos, praticamente metade dos que tinham sido analisados pelo Estado. Ao todo eram 662 pontos. Nas fiscalizações, foram feitas duas fotos de cada ponto. No total o relatório possuía 852 fotos em campo.
Com esta primeira posição de revisão dos dados pelo Inpe, se a mesma porcentagem dada por eles para os meses de outubro a dezembro for considerada para os outros meses, Mato Grosso estaria agora com 1.412,74 quilômetros quadrados de desmatamento do tipo corte raso.
Considerando que faltam apenas quatro meses para o Prodes fechar o cálculo do desmatamento do último ano (feito do dia 1º de agosto de 2007 a 31 de julho de 2008), é possível verificar que a redução do desmatamento poderá ser confirmada no Estado em relação ao período anterior (1º de agosto de 2006 a 31 de julho de 2007), quando foram desmatados 2.825,47 quilômetros quadrados (dados oficiais do desmatamento divulgados pelo Prodes).
O relatório do Inpe aponta que os outros 57,2% dos 353 pontos reavaliados por eles são de degradação progressiva e 3,4% realmente não era desmatamento. O Inpe avaliou o relatório apenas pelas fotos e não pela afirmação da Sema de que o ponto seria ou não desmatamento.
O relatório do Inpe foi entregue ao secretário em exercício da Sema após o seminário “Desmatamento na Amazônia: um diálogo necessário. É possível?”, realizado no Museu Emílio Goeldi, em Belém (PA), nos dias 6 e 7. Na oportunidade, o secretário recomendou ao Inpe a construção de uma dinâmica específica para a degradação progressiva para poder comparar informações com o Prodes, no que foi atendido pelo diretor do Instituto, Gilberto Câmara.