Empresários de Mato Grosso estão de olho em 10 bilhões de dólares que os japoneses pretendem investir no mundo nos próximos cinco anos com a chancela de apoio a medidas de contenção das mudanças climáticas. Próspero em desmatamento para expansão das fronteiras agrícolas – e perto de enfrentar novamente mais um período de densas queimadas – há uma mobilização dos segmentos econômicos no sentido de realizar esforços para colocar Mato Grosso na rota dos potenciais estados a receber esse aporte. É um dinheiro considerável para atenuar os estragos do momento.
Um desses segmentos vislumbrando atrair o capital japonês é o Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt), por meio do Conselho Temático de Meio Ambiente (Contema). Em parceria com o Governo do Estado, a organização promoverá no dia 24, a partir das 8h30, nem Cuiabá, o “1º Seminário de Intercâmbio e Investimentos Mato Grosso / Japão em Projetos de MDL e Crédito de Carbono”. A idéia, na prática, é ganhar dinheiro com o verde.
O evento tem com o objetivo levar conhecimento e apresentar às empresas potenciais alternativas para o desenvolvimento de projetos que gerem crédito de carbono. As palestras abordarão as melhores práticas de comercialização, panorama do mercado dos projetos brasileiros de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), a recuperação de mata ciliar e crédito de carbono, dentre outros temas. No fim, o evento vai mostrar que não é só de soja, algodão e boi que vivem bem as contas bancárias dos proprietários rurais. Plantar árvore é também um bom negócio.
As discussões sobre meio ambiente têm ganhado cada vez mais força no cenário sócio-econômico atual. Declarações de vários líderes mundiais indicam plena consciência da necessidade de assegurar metas globais, a fim de evitar que o aquecimento global comprometa a qualidade de vida da humanidade em um futuro próximo. Prova dessa preocupação são iniciativas, como a do Japão, de apoiar os países em desenvolvimento a reduzir as emissões de carbono, responsáveis pelas mudanças climáticas. O país oferecerá, nos próximos cinco anos,
O seminário é destinado aos empresários do setor industrial, do comércio, agronegócios, concessionárias de energia elétrica, órgãos governamentais, associações, e demais fornecedores de serviços e soluções para o segmento. O evento faz parte das comemorações do bicentenário da imigração japonesa no Brasil. “Existe uma preocupação muito grande tanto do Sistema Fiemt como do Governo do Estado em melhorar a imagem da questão ambiental em Mato Grosso. O evento é uma oportunidade para colocar projetos em prática, facilitando o contato de empresários com investidores japoneses”, avalia o presidente do Contema e diretor da Fiemt, Cleverson Cabral.
Crédito de carbono ou, em nome mais refinado, Redução Certificada de Emissões (RCE), é um “negócio da China”. Tratam-se de certificados emitidos quando ocorre a redução de emissão de gases do efeito estufa. Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO²) equivalente corresponde a um crédito de carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. Créditos de carbono criam um mercado para a redução de gases do efeito estufa dando um valor monetário à poluição. Acordos internacionais como o Protocolo de Quioto determinam uma cota máxima que países desenvolvidos podem emitir.
Os países por sua vez criam leis que restrigem as emissões de GEE, sigla dos gases do efeito estufa. Assim, aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões, tornam-se compradores de créditos de carbono. Por outro lado, aquelas indústrias que conseguiram diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas, podem vender o excedente de ‘redução de emissão’ ou ‘permissão de emissão’ no mercado nacional ou internacional. Os países desenvolvidos podem promover a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa (GEE) em países em desenvolvimento através do mercado de carbono quando adquirem créditos de carbono provenientes destes países.
O evento tem apoio da Comissão Nacional de Imigração Japonesa, do Instituto Ação Verde, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), por meio do Centro de Carbono e do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool-MT).