O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já pode analisar os dados do relatório da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) que aponta erro em 89,4% das informações que classificaram Mato Grosso como um dos maiores devastadores da Amazônia. A pesquisa foi realizada por cerca de 45 dias por técnicos da Sema, em 612 pontos indicados como desmatamentos. Durante toda o dia de ontem, o secretário adjunto de Qualidade Ambiental, Salatiel Alves de Araújo, esteve reunido com João Vernei e Dalton Valeriano, do Inpe. A reunião, que ainda deve continuar pela manhã de hoje, tem como objetivo delimitar e unificar o conceito sobre desmatamento.
Os dados levantados apontam que 395 pontos (59,67%) são áreas onde houve desmatamento antigo; 116 (17,52%) correspondem a áreas sem indícios de desmatamento; 84 pontos (12,69%) são áreas com ocorrência de incêndio e somente 67 pontos (10,12%) são áreas realmente abertas recentemente (corte raso).
Conforme o secretário, o Inpe não divulgou quanto tempo irá levar para analisar os dados. Também não foi informado se haverá retificação das informações. Em 30 de janeiro, a polêmica envolvendo os números tomou grandes proporções e uma equipe do Inpe chegou a sobrevoar, juntamente com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, as cidades apontadas como líderes do desmatamento. O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, reconheceu que houve falhas nos números de desmatamento na Amazônia.
De acordo com o secretário adjunto, a inserção de 19 municípios de Mato Grosso na listagem do governo federal como proibidos de desmatar não tem como base as informações colhidas pelo sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), e sim pela metodologia do sistema Prodes. Dessa forma, na prática, as cidades proibidas de desmatar ainda devem continuar na listagem federal. Revoltados, mais de dois mil empresários da área de Sinop prometem brigar na Justiça para evitar a onda de desemprego na região. São mais de 2,3 mil empresas do ramo na área. A entrega do documento foi realizada na cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, e não em Brasília como havia sido divulgado anteriormente.