Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra uma tendência de recuperação do poder de compra do salário dos trabalhadores. O levantamento realizado através analisou 715 unidades de negociações dos diversos setores econômicos em 2007. De acordo com o estudo, 96% dos trabalhadores conseguiram a recomposição das perdas ocorridas desde a data-base anterior.
Os números mostram ainda que, pelo quarto ano consecutivo, as categorias que obtiveram ganho real ultrapassaram os 50%. A distribuição dos reajustes salariais em comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passou de 54,9% em 2004 para 87,7% em 2007. Uma diferença de 1,4 ponto percentual em comparação ao ano anterior. Foi o melhor resultado da série.
“Há vários fatores (para a recuperação do poder de compra do salário do trabalhador) , mas eu destacaria a inflação baixa e sob controle. O segundo aspecto, mais geral, eu destacaria o crescimento da economia que torna mais favorável o processo de negociação que tem se refletido nesses bons reajustes, inclusive com ganhos reais de salário”, afirmou José Silvestre , técnico do Dieese.
Um terceiro aspecto apontado por José Silvestre diz respeito à ação do movimento sindical no sentido de recuperar as perdas salarias e obter ganhos reais de remuneração em função do próprio crescimento da economia.
Todos os setores de maneira geral vêm apresentando conquistas importantes, de acordo com os números do Dieese desde 2004. Em 2007, ano do último levantamento, houve um destaque maior na indústria devido ao desempenho do setor, que cresceu mais do que em 2006. A organização sindical na indústria também foi fundamental para a recomposição salarial, sendo que 98% dos trabalhadores conseguiram zerar as perdas com a inflação apurada pelo INPC.
“O setor industrial é mais estruturado tanto do ponto de vista econômico quanto profissional, ou seja da organização sindical. “, disse José Silvestre.
Com relação aos reajustes que superaram a inflação, o estudo detectou que aproximadamente 70% agregaram no máximo 2% de ganho real aos salários. Outros 2,5% obtiveram ganhos superiores a 4% e os que igualaram as perdas chegaram a 8,3%.
O técnico do Dieese vê boas perspecitivas para 2008 quando se trata de reposição de perdas salariais, principalmente com a entrada em vigor do novo salário mínimo de R$ 415, que deverá estabelecer novo patamar de reajuste para certas categorias. “As negociações em 2008 devem repetir esse resultado que a gente já observou em 2007, salvo se tivermos algum problema de ordem externa, como a crise americana”, ressaltou.