O valor médio exportado pelas micro e pequenas empresas cresceu nos últimos anos, mas o número de empreendedores que mantiveram negócios com o mercado externo caiu. Foi o que revelou estudo divulgado hoje (10) pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), encomendado à Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
O levantamento mostra que o aumento médio do valor exportado entre as microempresas foi de 5,8% em 2006, em relação a 2005, e de 11,3% entre as pequenas, em uma tendência de alta observada desde 2002.
“O crescimento do faturamento médio é explicado pelo maior valor agregado dos produtos exportados. Temos empresas que conseguiram se manter e, a partir da introdução de tecnologia e de inovação, alcançaram um aumento de escala”, afirmou à Agência Brasil o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. Ele informou que setores especializados, com mais investimento em tecnologia, como o de produção de softwares, tiveram crescimento maior do que os baseados em mão-de-obra intensiva, como o de confecções.
O montante exportado pelas microempresas em 2006 atingiu US$ 148,5 milhões, o que representou um crescimento de 2,4% em relação ao ano anterior. Já as pequenas empresas exportaram um total de US$ 1,76 bilhão no mesmo ano, um acréscimo de 6,1%.
Em contrapartida ao aumento no volume de exportações, o estudo aponta que houve queda de 2,6% no número de empresas que exportaram em 2006. Naquele ano, 12.998 empresas de micro e pequeno porte venderam seus produtos no exterior. Deste total, somente 31,8% das empresas atuam continuamente com o mercado externo, 34,5% de forma descontínua e 33,7% tiveram sua primeira experiência neste tipo de comercialização.
A descontinuidade ocorre, segundo Okamotto, porque muitas empresas entram no mercado internacional sem grandes reservas e acabam desestimuladas pelas mudanças cambiais.
“Com o real cada vez mais caro, a empresa perde vantagem e cai fora do mercado por não ter preço competitivo”, explicou. “Exportar a primeira vez fazendo um esforço grande, você consegue. Mas depois, precisa ter capital de giro adequado, assistência técnica. É preciso fôlego para se manter exportando, porque o retorno do dinheiro é mais demorado do que na venda para o mercado interno”, acrescentou.
O percentual de participação das micro e pequenas empresas em relação à totalidade das exportações do país segue em ritmo decrescente nos últimos anos. Esse índice em 2006 foi de apenas 1,4%.
O presidente do Sebrae disse que o órgão está investindo na capacitação de empresários interessados em entrar no mercado internacional, para que eles tenham domínio de condições exigidas tais como capital mínimo, tipo de financiamento a que têm acesso e certificação de produtos que serão exportados. “Uma alternativa é atuar de forma consorciada, para que caiam os custos e as pessoas possam ter uma atuação mais profissional e mais permanente”, ressaltou Okamotto.
A metodologia de classificação das empresas utilizada no estudo seguiu os limites de receita bruta anual, previstos na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. As microempresas são aquelas com receita anual máxima de R$ 240 mil. Para as pequenas empresas, o montante pode chegar a até R$ 2,4 milhões.