Apesar de considerar o aumento de 0,38% no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado pelo governo constitucional, o tributarista Ives Gandra Martins se diz contrário à elevação do tributo. Para ele, as mudanças propostas pelo governo vão afetar a camada mais pobre da população. “Vai atingir exatamente quem não tem dinheiro para comprar à vista e é obrigado a comprar a prazo. Vai atingir aqueles que têm necessidade de financiamento”, avalia.
Para ele, o governo deveria, ao invés de aumentar impostos, reduzir os custos da máquina administrativa, que ele considera “esclerosada”. Gandra acredita que, com o aumento do IOF, o governo pretende desaquecer a demanda, e, assim, evitar uma retomada inflacionária.
Segundo o tributarista haverá uma redução da procura das compras à prestação. “Isso vai trazer uma certa redução do financiamento do crediário. Evidentemente que não vai terminar, mas vai haver uma redução das compras a prazo.”
Do ponto de vista político, Ives Gandra diz que a decisão de aumentar dois impostos foi uma “afronta ao Congresso Nacional e ao povo brasileiro”. “A rejeição da CPMF foi uma rejeição não apenas a um mal tributo, mas à elevada carga tributária. Isso é uma demonstração de que o governo, em matéria de tributos, pouco se importa com a opinião do povo e do Congresso Nacional.”
O jurista critica o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter garantido que não haveria aumento de impostos com o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). “O presidente Lula garantiu ao povo brasileiro que não haveria aumento da carga tributária e uma semana depois ele aumenta.”