"As perspectivas para o setor industrial nos próximos anos são ótimas. Projetamos uma taxa de crescimento anual de 13,6%, valor não muito difícil de ser alcançado para um setor que cresceu em média 11,6% no período de 1999 a 2008". A avaliação é do presidente do Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt), Mauro Mendes, que apresentou nesta quarta-feira, o estudo econômico inédito da instituição referente aos últimos dez anos da indústria de Mato Grosso e o impacto do setor no desenvolvimento regional.
De acordo com o levantamento, durante o período analisado (1999-2008), o Valor Adicionado Bruto (VAB) – valor do Produto Interno Bruto (PIB) sem os impostos – da indústria mato-grossense apresentou evolução de 201%, saindo de R$ 2,32 bilhões para R$ 6,97 bi. Os dados mostram que a indústria tem participação de 16% na economia estadual. O documento faz também o comparativo do crescimento anual do PIB do Brasil e Mato Grosso, mostrando o desempenho do Estado bem superior ao do país em praticamente todos os anos. Em 1999, enquanto a taxa de crescimento nacional foi de 0,8%, Mato Grosso registrou 8,7%; no último ano comparativo oficial (2007) o valor Brasil foi de 6,1% e Estado 11,3%.
"Dentro destes percentuais, podemos enfatizar a importante participação do setor, já que a indústria de transformação estadual superou até mesmo o crescimento da economia regional em todos os anos analisados. Foi um incremento de 12,4% (1999) e 13% (2007)", exclama o diretor e presidente do Conselho Temático Econômico e Tributário da Fiemt, Gustavo de Oliveira. Os cinco principais destaques foram os segmentos de alimentos e bebidas, madeira e móveis, álcool, cimento e minerais não-metálicos.
Cuiabá, Rondonópolis, Várzea Grande, Alto Araguaia, Sinop, Tangará da Serra, Sorriso, Barra do Garças, Araputanga, Campo Novo do Parecis foram os dez maiores municípios no ranking do VAB industrial. "Visualizamos uma queda na participação de Cuiabá e Várzea Grande, o que continua acontecendo. Por outro lado, verifica-se a evolutiva demanda do interior do Estado", comenta Oliveira. A indústria responde por 21% dos empregos formais de Mato Grosso, sendo que o crescimento no período (1999-2008) foi de 98%.
Nas exportações, a comparação entre Brasil e Mato Grosso também foi discrepante. "O Estado tem cerca 30% de sua economia baseada nas vendas externas. Somos uma indiscutível e promissora plataforma produtora e exportadora de alimentos e energia, o que falta é logística adequada para o escoamento de tamanha produção", comentou o presidente do Sistema Fiemt. Em 2008, o incremento nas exportações estaduais foi de 52%, enquanto que no Brasil foi de 23%.
A arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da indústria no período registrou crescimento de 791%, quando em 1999 era de R$ 150 milhões e 2008 chegou a R$ 1,337 bilhões. "O dado também reflete a evolução industrial, porém também mostra que a carga tributária cresce desproporcionalmente ao desempenho industrial. É uma arrecadação voraz. Se os tributos aumentam, perdemos em investimentos no Estado e o que mais precisamos são incentivos a estes novos empreendimentos", enfatiza o diretor da Fiemt.
O consumo de energia elétrica, considerado um dos principais ‘termômetros" da capacidade industrial, também confirmou na análise o bom desempenho do setor no período, já que em 1999 a indústria era responsável por 20% do consumo de Mato Grosso e passou a 29% em 2008. "Não só o consumo de energia como também as unidades consumidoras industriais aumentaram, em 145%. Significa novos ‘pontos" de produção", comenta Mendes.
Na oportunidade, o presidente apresentou as Agendas Brasil 2010 e 2011-2020, elaborada pelo Sistema Indústria no país, contendo medidas de curto, médio e longo prazo para o contínuo crescimento da indústria, além da Agenda Mato Grosso 2010-2020, com as propostas do Sistema Fiemt para estimular ainda mais a evolução do setor no Estado. "São propostas concretas, com base no que já vivenciamos nos últimos 10 anos. Estamos, novamente, contribuindo para elevar a competitividade das indústrias da região, e se esta agenda sugerida for seguida, sem dúvida nenhuma a indústria de Mato Grosso crescerá mais de 13% na próxima década", ressaltou Mendes.
Segundo o estudo, os setores da economia mato-grossense com perspectivas mais positivas nos próximos anos são o de alimentos, produção de energia, biocombustíveis, infraestrutura de transportes, construção civil, turismo e atividades correlatas, base florestal, mineração e indústria de transformação. "Tenho dito para todos que o maior desafio está em crescer e preservar. Se setor produtivo, governos e toda a sociedade estiverem cada vez mais alinhados, Mato Grosso apresentará um desenvolvimento ordenado e ímpar", pontuou Mendes.
O presidente do Sistema Fiemt finalizou a entrevista destacando as principais ações da instituição em seu primeiro mandato (2006-2009) e ressaltou que dará continuidade ao trabalho na próxima gestão (2009-2012). "Amanhã (26) ocorre a posse da nova Diretoria do Sistema Fiemt, para o qual fui recondicionado ao cargo de presidente. Juntamente com outros 60 empresários industriais de Mato Grosso ampliaremos nossa atuação por meio de novos serviços programas que dêem ainda mais oportunidades aos cidadãos e, principalmente, ao trabalhador da indústria".