O preço do litro do álcool hidratado inicia a semana até 19,2% mais alto em alguns postos de combustíveis de Cuiabá e Várzea Grande. O valor passou de uma média de R$ 1,25 para até R$ 1,49 em alguns estabelecimentos, pegando os motoristas que abastecem com o produto de surpresa. E acompanhando a elevação do derivado da cana-de-açúcar, a gasolina que tem 25% de sua composição formada por álcool, também teve o preço reajustado em 5,2%, subindo de R$ 2,65 (média) para até R$ 2,79. A elevação repentina na bomba é motivada por uma correção nos preços junto às distribuidoras, que por sua vez, alegam estar comprando mais caro das usinas.
O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool-MT), Jorge dos Santos, afirma que a entidade não faz levantamento de preços junto às usinas, mas que se houve elevação no valor, esta pode ser decorrente de uma recuperação nos preços, o que é bom para o setor, desde que ela contemple toda a cadeia. Ele reafirma que o preço ideal do álcool vendido no varejo, cujo valor remuneraria todo o segmento, desde os produtores até os revendedores, seria entre R$ 1,50 e R$ 1,60. “A alta pode estar relacionada a uma recuperação dos preços, já que o setor vem enfrentando crise há algum tempo”, argumenta Santos.
Ele complementa dizendo que enquanto o preço do álcool representar até 70% do valor da gasolina, abastecer com o hidratado é vantajoso. Fazendo as contas com os valores cobrados nas duas cidades, a relação é de 53,4%, o que demonstra que mesmo com a elevação, ainda é vantagem para o motorista abastecer com álcool ao invés da gasolina.
A reportagem entrou em contato com duas distribuidoras de álcool que atuam em Cuiabá, onde recebeu a confirmação de que o produto foi reajustado nesta segunda-feira e que alteração dos preços partiu da usina. Uma das fontes, que prefere não ser identificada, afirma que não tinha o produto ontem (19), pois o preço aumentou. A conta apresentada foi de que o litro vendido pela distribuidora por R$ 1,10 antes, passou para até R$ 1,23, e quem não tinha estoque teve de comprar mais caro e consequentemente vender mais caro aos postos que repassaram ao consumidor final.
O presidente do Sindicato dos Comércio Varejista de Derivados do Petróleo em Mato Grosso (Sindipetróleo-MT), Fernando Chaparro, afirma que ainda ontem, diante da majoração nos preços, fez uma pesquisa. Ele pontua que cotação de valores da Escola Superior de Agricultura (Esalq) aponta para um preço de R$ 0,9374 nas usinas do Estado e que a este valor deveriam ser acrescidos impostos federais e estadual, frete e outros custos, até chegar ao preço final.
Ele calcula que o valor deveria chegar à distribuidora por cerca de R$ 1,5372 (sem margem de lucro), no entanto, o preço apurado por ele foi de uma média de R$ 1,30. “Isso mostra que alguma coisa não está correta”.