A criação de jacarés em Mato Grosso está restrita a cinco produtores que atuam em Cáceres, Poconé e Santo Antônio do Leverger. O pesquisador do Instituto Federal de Educação Tecnológica (Ifet) em Cáceres, Victor Manuel Aleixo, diz que há mercado para o produto, mas ainda há o receio dos consumidores em relação ao consumo da carne do jacaré por desconhecer a forma de criação do animal em tanques. O pesquisador vai apresentar o Panorama da Crocodilicultura no Brasil, nesta sexta-feira, às 14 horas, durante o 1º Encontro Mato-Grossense de Aquicultores, que ocorre paralelo ao 2º Congresso Brasileiro de Produção de Peixes Nativos de Água Doce, no Centro de Eventos do Pantanal.
“Os ovos são colhidos, há o período de incubação e os animais são criados em tanques de cimento em cativeiro. Em geral, eles são abatidos com dois anos, o que garante uma carne mais macia e se aproveita todo o animal. O jacaré se alimenta de miúdos de bovino misturado com farinha de carne e ossos, além de vitaminas e minerais”, explica. Ele faz questão de ajudar a derrubar o mito de que os jacarés são “pegos” adultos no pantanal e encaminhados para o abate.
Como há poucos produtores de carne de jacaré no Estado e apenas um dos abatedouros tem registro no Ministério da Fazenda, Pecuária e Abastecimento (Mapa), permitindo a comercialização a outros Estados, o preço do quilo da carne de jacaré ainda não é acessível para a maioria da população, custa em torno de R$ 40,00 o quilo.
“Sei de apenas um supermercado que vende a carne de jacaré em Cuiabá. É necessário que haja mais criadores e aí fomentar a demanda junto a população trabalhando em ações de marketing para desmistificar o consumo do produto. E se tiver mais produto no mercado, mais pessoas passam a consumir e o preço se torna acessível”, argumenta o pesquisador do Ifet de Cáceres.
A produção de jacarés em Mato Grosso iniciou em 1992. Conforme Aleixo, é uma carne de alto teor de proteína, 1% de gordura e sem colesterol. É uma carne leve, com textura fibrosa parecida com peixe.