Mato Grosso continua registrando, neste primeiro trimestre, em plena crise econômica internacional, superávit acumulado na balança comercial de US$ 1,73 bilhão. O valor é 59% maior do que no mesmo período do ano passado, contrapondo com um aumento de apenas 9% no saldo comercial do país. Em março, as exportações estaduais foram de US$ 902,8 milhões, o maior valor para esse mês de toda a série histórica das vendas externas de Mato Grosso. No trimestre, acumulam expressivos US$ 1,81 bilhão, valor 41,6% maior do que no mesmo período do ano passado.
É a maior taxa de crescimento do país e a única positiva, dentre os sete maiores estados exportadores – exceto o Pará, que cresceu apenas 0,3%. O Estado manteve a 7ª posição no ranking nacional, já respondendo, isoladamente, por 5,8% do total das vendas externas do país e por 65,8% da região Centro-Oeste.
De acordo com o presidente do Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt), Mauro Mendes, se este desempenho for mantido nos próximos trimestres, a previsão é de crescimento para o Estado. “Dada a forte correlação entre as exportações e o PIB estadual, característica singular de nossa economia, onde as vendas externas representam mais de 30% do valor adicionado bruto, é possível visualizar para Mato Grosso em 2009 um cenário de crescimento, contrapondo com a forte retração já evidenciada na economia nacional por conta da crise”.
A União Européia e a Ásia continuam os principais destinos das exportações mato-grossenses, respondendo por 41% e 37% do total, respectivamente. A China, com 18% individualmente, lidera o ranking, seguida da Holanda, Espanha e Reino Unido com 12,5%, 7,3% e 5,7%. “As ‘perdas cambiais’ existentes até o terceiro trimestre do ano passado, com a maxidesvalorização do Real, são agora ‘ganhos cambiais’ já acumulados em R$ 1,08 bilhão, o que é bem expressivo”, avalia o assessor econômico da Fiemt, Carlos Vitor Timo.
As importações neste primeiro trimestre do ano acumulam apenas US$ 86,3 milhões, registrando queda de 56% em relação ao mesmo período do ano passado. “Tal fato explica o resultado espetacular para a Balança Comercial estadual”, ressalta Timo. Os principais fornecedores externos foram, pela ordem, a Rússia (22%), Estados Unidos (16%), Alemanha (11%) e a Ucrânia (9,3%), seguidos de outros com menores participações.
As exportações de soja-grão e derivados totalizaram, até março deste ano, US$ 1,22 bilhão, valor que representa um aumento de 62,5% em relação ao mesmo período de 2008. A oleaginosa responde por 67,7% do total das exportações estaduais, recuperando sua participação, dado que no mesmo período anterior respondia por 59%. A China, a Holanda e a Espanha, são os principais destinos das vendas de soja-grão, com 34%,14% e 13,5% respectivamente.
As vendas de farelo continuam crescentes, com aumentos de 33,8% em valor e de 36,7% em volume físico, atingindo 764,5 mil toneladas, mesmo com a redução de 2,1% no preço internacional. A Holanda, a França, a Tailândia e a Arábia Saudita, são os principais mercados para o farelo de soja, com 28%, 16,6%, 14,8% e 10%, respectivamente.
O óleo de soja registrou nova queda de 14,6% no faturamento, mesmo com aumento de 37% no volume embarcado, explicado pela queda de 37,8% no preço internacional do produto. O Irã e a França são os principais compradores de óleo de soja, com 28% e 14%.
As exportações de glicerina, subproduto da fabricação de biodiesel, registraram novamente crescimento expressivo em volume de embarques. Porém, apresentaram queda no faturamento. A China é o principal consumidor e responde por 15% das vendas físicas. As exportações de lecitina continuam caindo, mesmo com o aumento de 46% no preço externo.
As vendas internacionais de carnes, acumuladas até março, mantiveram significativas quedas de 31,8% em valor e 18,5% em volume, por conta principalmente da carne bovina, que apresentou decréscimo ainda maior, de 44,8% e 37,5%, respectivamente, por conta da retração no crédito internacional e outros problemas financeiros do setor.
As outras carnes, de frango e suína, ao contrário, registraram incrementos tanto em valor quanto em volume embarcados, tendo a carne suína superado 60% em faturamento e mais que dobrado em quantum físico, mesmo com a retração nos preços internacionais no período.
A Rússia é o principal mercado das carnes bovina e suína de Mato Grosso, respondendo por 33% e 12% respectivamente. A carne de frango, ao contrário, tem um número bem mais amplo de países importadores, com maior participação da Espanha e da Arábia Saudita, com 8,5% e 7% respectivamente.
O grande destaque foi novamente o embarque de milho, com aumento de 154% em quantidade e 140% em valor, mesmo com a queda de 5,5% na cotação média do produto. O Irã, a Coréia do Sul e a Arábia Saudita são os principais mercados, com 15%, 8,6% e 6% respectivamente, além de outros países, principalmente os da Comunidade Econômica Européia.