O frigorífico Independência anunciou a suspensão no abate de bovinos nas cinco unidades em operação no Estado de Mato Grosso. A paralisação é temporária e motivada pela falta de fluxo de caixa na empresa para pagar fornecedores. Além das plantas mato-grossenses, outras nove, localizadas em São Paulo (2), Mato Grosso do Sul (2), Minas Gerais (1), Tocantins (1), Goiás (1) e Rondônia (1), e uma no Paraguai, também estão com os trabalhos parados. A perspectiva é que a operação seja retomada “em breve”. Ainda nesta quinta-feira algumas unidades do país estavam em funcionamento.
No Estado, conforme informações repassadas pelo Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT), e atribuídas à Superintendência estadual do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as cinco plantas têm capacidade para abater 4,1 mil cabeças/dia, o que corresponde a 34,7% dos 11,8 mil animais/dia das 14 plantas que estão com as atividades suspensas. As unidades locais estão situadas em Colíder, com capacidade para abater 600 cabeças por dia; Juína com 500 cabeças/dia; Nova Xavantina, Confresa e Pontes e Lacerda com capacidade para 1 mil animais/dia cada uma. A indústria estadual é considerada de grande porte e o número estimado de empregados diretos chega a 2,5 mil, além de outros 7,5 mil indiretos. As plantas de Confresa, Juína e Pontes e Larcerda foram arrendadas em novembro de 2007.
Por ser uma paralisação temporária os funcionários foram apenas dispensados e, por enquanto, nenhuma demissão foi anunciada. Nas indústrias mato-grossenses são desenvolvidas atividades de abate, desossa e produção de biodiesel. Além destas, as outras plantas espalhadas pelos cinco estados brasileiros produzem peles, além de manter curtumes, fábricas de charque, e centros de distribuição, localizados em Cajamar, Itupeva e no Porto de Santos, estas últimas situadas em São Paulo.
A sinalização de que a empresa não estava bem economicamente vinha sendo divulgada desde o início deste mês quando anunciou a suspensão das atividades em Campo Grande (MS). Na época a justificativa de que era necessário ajustar a produção e disponibilidade de animais, o que estava acarretando uma ociosidade de 40% na unidade. A reportagem tentou contato com o frigorífico, via assessoria de imprensa, mas até o fechamento desta edição, a reunião entre a diretoria e a assessoria (sobre o assunto) não havia terminado. A afirmação foi de que as informações só seriam repassadas à imprensa hoje.
Para o superintendente da Associação dos Criadores de Animais (Acrimat), Luciano Vacari, a informação da suspensão no abate em Mato Grosso é um sinal de que a crise internacional está se agravando no setor. Ele explica que a operação das unidades deste segmento é feita com a captação de recursos no mercado externo para ser aplicado em capital de giro. “Com o aprofundamento da crise, empresas ficaram sem crédito e agora a situação fica difícil”, diz ao completar que o mais lamentável é que os produtores vão perder um “parceiro”.
Conforme o superintendente, o frigorífico era o único que pagava aos produtores uma espécie de “bônus” de acordo com a qualidade do produto. Vacari diz que isso seria de estímulo financeiro aos pecuaristas para investirem na qualidade da carne. Já o secretário-executivo do Sindifrigo-MT, Jovenino Borges, considera que o sindicado foi pego de surpresa e que ontem não havia nenhuma informação oficial sobre o fechamento das plantas no Estado. Ele adianta, porém que é um impacto significativo no setor, que vem amargou oito fechamentos ao longo de 2008.